quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vejam a contradição...

Apesar da atitude louvável da Prefeitura em aguar as árvores e plantas dos canteiros da nossa cidade, é no mínimo contraditório utilizar caminhões à diesel esbaforadores de fumaça para realizar tal tarefa.

Pena que não tenho a estimativa de quantos árvores são necessárias para neutralizar a ação de cada caminhão desse.

Tá dado o recado...

sábado, 26 de setembro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

El Niño do futuro vai trazer seca ao Sudeste

O aquecimento global tem grandes chances de mudar a dinâmica do El Niño, um dos fenômenos periódicos mais importantes para o clima da Terra. A forma mais atípica do fenômeno pode se tornar cinco vezes mais comum, trazendo consequências como secas no Sudeste e no Sul do Brasil.

O declínio do El Niño convencional e a ascensão do chamado El Niño Modoki (palavra japonesa que significa "parecido, mas diferente") foi previsto em simulações de computador, detalhadas em artigo na revista científica "Nature" de quinta-feira (24).

Sang-Wook Yeh e seus colegas do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Oceânico da Coreia do Sul assinam a pesquisa, que usou os dados históricos sobre o El Niño (de 1850 até hoje) e as projeções sobre o aquecimento para avaliar como será o fenômeno neste século.

"Desde os anos 1980, o El Niño Modoki já está aparecendo com mais frequência. Yeh e seus colegas mostram que é viável associar isso com o aumento da temperatura que vem acontecendo desde então", explica Karumuri Ashok, do Centro Apec do Clima, na Coreia do Sul, que comentou a pesquisa a pedido da "Nature".

Mudança de estilo - A diferença entre os dois tipos de El Niño tem a ver principalmente com a região do oceano Pacífico que passa por um aquecimento anormal de suas águas, desencadeando os efeitos do fenômeno. Enquanto o El Niño tradicional está ligado às águas relativamente quentes no leste do Pacífico, perto da costa peruana, o Modoki aparece na região central do oceano - daí outro de seus apelidos, "El Niño da Linha Internacional da Data", por estar perto da linha imaginária usada para marcar a mudança de um dia para outro nos fusos horários.

Por enquanto, o El Niño Modoki fica muito atrás da forma normal do evento em número de ocorrências - apenas sete contra 32 casos nos últimos 150 anos. O aumento projetado na nova pesquisa indica que o Modoki poderia se tornar tão comum quanto a forma normal do El Niño. "O Nordeste do Brasil vai receber mais chuva do que o normal, impacto que é o contrário do que ocorre no El Niño tradicional", diz Ashok.

Já o Sul e o Sudeste terão menos chuva do que o normal, outra inversão da forma típica do fenômeno. Isso, é claro, se mais pesquisas confirmarem as simulações. "Lembre-se de que os modelos ainda não são perfeitos", afirma o pesquisador.


(Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha Online)

Aquecimento global vai além de previsão pessimista, diz ONU

Secas da Austrália ao sudoeste americano, águas mais ácidas nos oceanos e geleiras derretendo-se são sinais de que o ritmo da mudança climática está superando até mesmo os cenários mais pessimistas traçados há alguns anos por cientistas, diz um relatório das Nações Unidas divulgado nesta quinta-feira (24).

Glaciares das montanhas da Ásia derretem-se a uma taxa que poderá vir a ameaçar o suprimento de água, irrigação e energia hidrelétrica para até 25% da população mundial, disse o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

"Estamos nos dirigindo para mudanças muito graves em nosso planeta, e precisamos nos conscientizar da seriedade disso, para apoiarmos as medidas que precisam ser adotadas", disse o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner.

O Compêndio de Ciência da Mudança Climática 2009 avalia 400 estudos científicos publicados em periódicos com revisão pelos pares ou por instituições de pesquisa desde a publicação do mais recente relatório do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) em 2007.

Líderes mundiais como o presidente chinês Hu Jintao e o americano, Barack Obama, discursaram em uma conferência sobre mudança climática realizada na ONU no início da semana. Cerca de 190 países tentam chegar a um acordo sobre o combate ao fenômeno. Um novo tratado internacional deve ser assinado em Copenhague em dezembro.

O aumento nas concentrações de gases causadores do efeito estufa elevou a preocupação dos cientistas de que um aumento nas temperaturas globais de 1,4º C a 4,3º C, acima dos níveis pré-industriais, é provável, diz o relatório.

Isto está acima da faixa de 1º C a 3º C que muitos pesquisadores veem como o nível capaz de levar ao derretimento total do Oceano Ártico no verão, e ao desaparecimento das geleiras do Himalaia e da Groenlândia.

Além disso, o aumento na absorção do dióxido de carbono pelos oceanos está levando a uma acidificação dos mares mais veloz que o esperado. Por exemplo, águas capazes de corroer substâncias nas conchas de animais marinhos "já aparecem ao longo da costa californiana, décadas antes da previsão dos modelos existentes", disse o relatório.

A acidificação dos oceanos poderia ameaçar os animais marinhos que têm conchas e os recifes de coral, que por sua vez têm um importante papel ecológico para várias outras espécies.


(Fonte: Estadão Online)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

I Ciclo de Palestras Sobre Meio Ambiente

O Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental da Unifor está promovendo um ciclo de palestras sobre várias questões ambientais, com o intuito de integrar os novos alunos de Engenharia Ambiental e quaisquer outros alunos de outros cursos e instituições. As palestras acontecerão entre os dias 2 e 9 de outubro à partir das 19:00 nos auditórios da Unifor.

Segue a programação:

05/10 Segunda
Credenciamento a partir das 18:00 no Bloco D
19:00 Projetos Sócio-Ambientais no 3° Setor
Rafael E. Ummus - Associação Caatinga
21:00 Licenciamento Ambiental
Breno Carvalho - Assessor Jurídico da Semace

06/10 Terça
19:00 Case Ypióca
Michele Matos - Auditora Líder Ambiental
21:00 Educação Ambiental
Raimundo Costa - Eng. Agrônomo da Semace

07/10 Quarta
19:00 ISO 14.001
Sérgio Araújo - Auditor Líder Ambiental
21:00 Saneamento Ambiental
Francisco de Oliveira Paiva - Professor Pós Graduação Unifor

08/10 Quinta
19:00 Biocombustíveis
Adriano Henrique S. Soares - Professor Pós Graduação Unifor
21:00 Gestão de Resíduos Sólidos Industriais
Alexandre Rocha Pinto - Técnico da Semace

09/10 Sexta
19:00 Gestão de Recursos Hídricos
Conceição de Maria A. Alves - Professora Pós Graduação Unifor

As inscrições no bloco D da Unifor, de 13:00 às 21:00.

Valor: 20,00

Informações
Neila Pamplona (85) 99596867
Presidente do CA de Eng. Ambiental Unifor
Coordenadora do Evento

Informações no blog:
http://engenhariambiental.blogfacil.net/Primeiro-blog-b1.htm

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Obrigado a todos!


Olá pessoal, nesta semana que completa 1 ano do nosso no ar, ganhamos um presentão. Tiramos o 3º lugar na votação popular da premiação TOPBLOG 2009 na categoria sustentabilidade-profissional. É um grande orgulho para gente receber um prêmio deste com apenas 1 ano de vida. Agradeço a todos que votaram, a aqueles que tem contribuído com as postagens do blog, aos professores Oyrton Junior e Márcia Marino, aos visitantes, enfim, a todos os colegas que nos incentivam a continuar blogando.

Muito Obrigado!

Thiago François

Maiores poluidores reúnem-se para discutir clima nos EUA

Representantes dos 17 maiores países poluidores do mundo iniciaram nesta quinta-feira (17) em Washington uma semana de conversações de alto nível sobre mudanças climáticas. O objetivo das conversações, que durante dois dias serão realizadas no Departamento de Estado antes de serem transferidas nas próxima semana para Nova York e então para Pittsburg, é tentar acalmar as diferenças e gerar um consenso para o encontro de Copenhagen, marcado para dezembro, onde uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) espera produzir um novo pacto sobre o combate ao aquecimento global.

A reunião acontece enquanto Washington tenta retomar um papel de liderança sobre mudanças climáticas e segue-se a uma advertência do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon de que os líderes mundiais precisam "se mexer" no que diz respeito às mudanças climáticas.

"É de importância absoluta e crucial que os líderes demonstrem sua determinação política e forneçam diretrizes claras para os negociadores", disse Ban do jornal britânico The Guardian na quarta-feira, acrescentando que está "profundamente preocupado" com a possibilidade de que as conversações não progredirem.

O Guardian também publicou que a Europa entrou em confronto com a administração dos Estados Unidos sobre como cortar as emissões e como lidar com o aquecimento global, o que sugere que as conversações serão tensas na próxima semana.

A União Europeia, França, Itália, Alemanha, Grã-Bretanha e Dinamarca estarão entre os participantes das reuniões no Departamento de Estado, além da Austrália, Brasil, Canadá, China, Índia, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, África do Sul e o anfitrião, os Estados Unidos.

Os participantes são parte do Fórum das Grandes Economia sobre Energia e Clima, uma iniciativa lançada em março pelo presidente Barack Obama.

Em julho, Michael Zammit Cutajar, que preside a convenção da ONU para mudanças climáticas (UNFCCC), disse que os Estados Unidos realizaram uma importante mudança na maneira como abortam o assunto, em comparação com a administração George W. Bush, e que o país está no caminho para "uma forte ação em relação ao clima"

Porém, apesar da mudança de abordagem, encontrar um denominador comum com os outros países não tem sido fácil e isso pode significar dificuldades e até mesmo em conversações inconclusivas em Washington, Nova York e Pittsburg.

O objetivo do encontro nos Estados Unidos é esboçar um plano que possa ser discutido na conferência sobre clima que será realizada entre os dias 7 e 18 de dezembro na Dinamarca.

Espera-se que os países participantes da conferência em Copenhagen estabeleçam um pacto para conter o aquecimento global depois de 2012, quando vence o Protocolo de Kyoto.

(Fonte: Estadão Online)

Entidades se mobilizam para o Clean Up The World 2009

Danielle Jordan / AmbienteBrasil

Neste sábado, dia 19, comemora-se o Clean Up The World. Em todo o mundo serão promovidas ações de limpeza para reduzir os efeitos da poluição e da degradação.

Os resíduos coletados serão catalogados, para gerar um Relatório Final para o Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas, ONU/UNEP, e destinados às cooperativas e instituições de reciclagem.

No Rio de Janeiro diversas atividades serão promovidas. Em ação realizada pelo Insituto Lagoa Viva, na praia do Pepê (Barra da Tijuca) e Projeto Limpeza na Praia – Instituto Ecológico Aqualung, uma visitante ilustre vai acompanhar os trabalhos. A Embaixadora da Campanha Internacional do Clean Up the World, Céline Cousteau, neta do legendário Jacques Cousteau, escolheu a cidade para participar, por ser uma das mobilizações que mais cresceu nos últimos anos no mundo.

Outras praias cariocas devem promover eventos semelhantes, como Copacabana, Botafogo, Ipanema, Leblon, São Conrado, Barra da Tijuca e Recreio, Grumari, Ilha do Governador, Ilha de Paquetá e Sepetiba), Saquarema (RJ), Itacoatiara (RJ), Cabo Frio (RJ). Além das praias, outras cidades devem se juntar à mobilização, como Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Recife (PE), Cubatão (SP).

No litoral paulista a ONG Ecosurfi desde 2001 promove a ação em Itanhaém. Cerca de 5 toneladas de resíduos sólidos já foram retirados em diversos ambientes naturais da cidade. A concentração este ano foi marcada no canto direito da Praia do Sonho. Voluntários da ONG Greenpeace participam também.
Em Salvador, na Bahia, o evento acontece das 9 às 17 horas no Porto da Barra, conforme publicado por AmbienteBrasil no início do mês em EXCLUSIVO: Salvador se prepara para o Clean up Day Bahia 2009.

Mais informações podem ser obtidas nos sites:

www.cleanuptheworld.org
Pesquisa: Ambiente Brasil

Prêmio vai selecionar alunos para viveram como “Cientistas por um Dia”

Danielle Jordan / AmbienteBrasil

O Concurso de redação "Cassini - Cientista Por Um Dia" tem como objetivo estimular o conhecimento científico e vai oferecer diversos prêmios entre estudantes do mundo todo. A principal premiação é a participação dos vencedores como convidados de uma vídeo-conferência com os cientistas do controle da missão Cassini, na NASA.

Os estudantes poderão conhecer e experimentar a rotina dos cientistas da NASA. Para participar eles terão que analisar três possíveis alvos no planeta Saturno e apontar um deles para que a nave obtenha imagens. Os motivos da escolha deverão ser destacados na redação.

Mais de 42 países estão participando da iniciativa que faz parte do Ano Internacional da Astronomia.

No dia 11 de outubro de 2009 a Cassini apontará suas câmeras e obterá imagens do alvo determinado pelos selecionados. As inscrições estão abertas até o dia 30 de setembro. Mais informações podem ser encontradas no site: http://www.astronomia2009.org.br.

*Com informações de Augusto Damineli.

sábado, 12 de setembro de 2009

Reciclagem marinha alterada


Por Fábio de Castro


Caracterização fenotípica de bactérias quitinolíticas. A e B: gram-negativos (divulgação)

As bactérias quitinolíticas são microrganismos fundamentais para os ecossistemas marinhos, pois produzem uma enzima conhecida como quitinase, por meio da qual exercem um papel importante no processo de degradação da quitina, principal constituinte do exoesqueleto dos artrópodes e moluscos.

Um novo estudo feito na Universidade de São Paulo (USP) indica que, em ambientes onde há maior impacto de atividades humanas e maior nível de contaminação fecal, essas bactérias apresentam, por um lado, maior capacidade de produzir quitinase – que tem aplicações potenciais na agricultura, medicina e em processos biotecnológicos. Mas, por outro lado, têm sua diversidade reduzida, o que pode gerar desequilíbrios ambientais.

O estudo correspondeu à tese de doutorado de Claudiana Paula de Souza-Sales, defendida em agosto no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, com apoio da FAPESP.

A pesquisa foi orientada pela professora Irma Rivera, do Laboratório de Ecologia Microbiana Molecular do Departamento de Microbiologia do ICB, que coordena o projeto de pesquisa “Diversidade de microrganismos marinhos, com ênfase em proteobactérias vibrios, colífagos, leveduras e bactérias quitinolíticas”, apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.

De acordo com Irma, o estudo avaliou a diversidade das bactérias quitinolíticas isoladas de amostras de água do mar e de plâncton coletadas em três pontos da região costeira do Estado de São Paulo, com diferentes níveis de atividade antropogênica: Baixada Santista, canal de São Sebastião e Ubatuba.

“O nível de contaminação fecal presente em cada ambiente estudado influenciou significativamente a diversidade e o potencial enzimático das bactérias. A maior diversidade – abrangendo 19 gêneros – foi encontrada nas amostras do canal de São Sebastião e de Ubatuba, que têm médio e baixo nível de impacto antropogênico, respectivamente”, disse à Agência FAPESP.

Já na Baixada Santista, onde o impacto antropogênico é muito maior, com presença de poluição doméstica e industrial, a diversidade de gêneros das bactérias foi muito menor. “Mais de 78% das bactérias quitinolíticas presentes ali pertenciam ao gênero Aeromonas sp, disse a professora, que é embaixadora do Brasil na Sociedade Norte-Americana de Microbiologia (ASM, na sigla em inglês).

Segundo a pesquisadora, diferentemente do que se pensava no passado, nem todas bactérias são patogênicas e algumas têm funções importantes em determinados nichos ecológicos. As bactérias quitinolíticas degradam as carapaças de animais marinhos. Dados da literatura internacional estimam a produção total de quitina nos oceanos, durante o verão, entre 10 elevado a nove e 10 elevado a 11 toneladas métricas.

“Grande parte dos animais marinhos troca de exoesqueleto no verão e essa matéria é lançada no ambiente em imensas quantidades. A maior parte dessa produção é proveniente da carapaça de zooplâncton. Essas bactérias usam quitinases principalmente para digerir quitina como uma fonte de nutrientes e possibilitam, dessa forma, a reciclagem desse polissacarídeo nos oceanos”, explicou.

Para realizar o estudo Claudiana fez o isolamento e a contagem das bactérias, cultivadas em amostras de substrato marinho das três áreas do litoral paulista. As bactérias obtidas foram caracterizadas por métodos fenotípicos e genotípicos. Foram isoladas, no total, 492 bactérias quitinolíticas.

“Ela contou tanto amostras de água como de plâncton, já que dentro dele também há presença dos microrganismos”, disse Irma. O plâncton foi obtido com rede de malha de 100 micrômetros.

Nas amostras de água do mar foram determinados parâmetros físico-químicos (como temperatura, pH, salinidade e condutividade) e microbiológicos (coliformes termotolerantes e enterococos intestinais, entre outros).

A produção de quitinase das bactérias pode ser visualizada a partir de um halo formado no meio mínimo contendo quitina coloidal. “Quando os microrganismos consomem a quitina, forma-se um halo, que é medido nas diferentes amostras. Quanto maior o halo, maior a expressão da enzima quitinase”, explicou Irma.

Aplicações e equilíbrio

Segundo o estudo, os maiores valores de quitinases foram detectados em bactérias de água do mar na Baixada Santista, onde há o maior impacto antropogênico. Mas ali também houve a menor diversidade de gêneros. O trabalho concluiu que a diversidade de bactérias quitinolíticas e o potencial de produção de quitinases foram influenciados pelo nível de contaminação fecal presente no ambiente.

Quando há alta concentração de contaminação orgânica no ambiente aquático, as bactérias podem aumentar a produção de quitinase, degradando maiores quantidades de quitina e balanceando o sistema ecológico novamente. Mas, a partir de certo limite, a contaminação passa a ser muito grande e o corpo d’água pode perder a capacidade de recuperação.

“Para viver em um ambiente inóspito, com alta atividade antropogênica, as bactérias criam mecanismos de sobrevivência natural. O estudo confirmou que, na Baixada Santista, as bactérias quitinolíticas têm maior capacidade de degradação dos substratos. Esse poder exacerbado pode trazer vantagens para o uso biotecnológico. Mas, por outro lado, estamos perdendo a identidade ecológica do ambiente e a diversidade desses microrganismos”, destacou Irma.

Com os níveis de poluição doméstica e industrial da Baixada Santista é possível que já haja bactérias capazes de degradar produtos recalcitrantes. Com essa capacidade, elas poderiam ser utilizadas industrialmente no futuro. “Mas não adianta ter uma ‘superbactéria’ se esse processo também está matando os peixes e destruindo a diversidade do ecossistema marinho”, afirmou.

As bactérias quitinolíticas têm aplicações biotecnológicas na agricultura, para controle de insetos e fungos ou para o desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes ao ataque de microrganismos.

“As bactérias poderiam ser utilizadas na produção de quitosana a partir de quitina de crustáceos e ostras, no tratamento de efluentes de indústria alimentícia e na medicina, para o desenvolvimento de compostos biologicamente ativos para uso em atividade antitumoral”, disse a professora do ICB.


Fonte: Agência FAPESP.

Do pré-sal ao pós-carbono


Por Marina Silva - senadora e ex-ministra do meio ambiente.

A descoberta do petróleo no pré-sal e suas consequências para o Brasil são assuntos de enorme importância, mas estão sendo discutidos de maneira que mais confunde do que esclarece.

Os recursos advindos dessa descoberta deveriam ajudar o país a construir os meios para a superação, ao longo do tempo, da dependência das energias fósseis e do modelo de desenvolvimento que elas simbolizam. Que produz bens e riqueza material e também pobreza extrema, degradação dos recursos naturais, poluição, doenças.

E se escora em razões que parecem se bastar, sem levar em conta que tornam praticamente inalcançável, para a maioria das pessoas, uma vida digna e saudável.É absurdo não perceber que a nova fonte de petróleo, que ainda será estratégico e indispensável por décadas, deveria servir ao propósito inovador de criar as condições de trânsito para aquilo que se mostra cada vez mais inescapável: uma economia de baixo carbono e uma sociedade pós-ideologia do consumo.

Para chegar a esse futuro, é fundamental entendermos hoje como as prioridades se relacionam. Tomemos a educação no Brasil. Precisa estar no topo das prioridades, não apenas para ser um sistema mais eficiente do ponto de vista tradicional, mas, sim, para colocar crianças e jovens em diálogo com os novos paradigmas que serão a marca deste século. Por sua vez, isso depende de pesquisa científica e tecnológica para o desenvolvimento de novos materiais, fontes de energia renovável e práticas produtivas baseadas nos amplos recursos naturais de que o Brasil dispõe.

Nessa nova sociedade, a redução da pobreza e das desigualdades sociais será objetivo indissociável da educação de qualidade, da capacidade tecnológica, da sustentabilidade socioambiental, venham os recursos de onde vierem.
O ufanismo com os números do pré-sal não pode jogar para debaixo do tapete a necessidade de mitigar a emissão de carbono, ampliando o combate ao desmatamento e os programas de reflorestamento.

A novidade, a rigor, só aumenta nossa responsabilidade ética em propor metas obrigatórias de emissão de carbono em Copenhague, no final deste ano. Pré-sal e o papel do Brasil em Copenhague não são assuntos estanques. São a mesma equação, embora a discussão em curso não reflita isso.

O desenho de um novo Brasil não pode estar contido na camisa de força da tramitação em regime de urgência do marco legal do pré-sal, feita para contemplar cronogramas políticos e sem a participação da sociedade, essencial porque estamos numa democracia e porque as questões reais precisam ter, pelo menos, chance de vir à tona.


Artigo publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo de 07-09-2009.

Fonte: Agência Envolverde.

sábado, 5 de setembro de 2009

Projeto alerta para prejuízos da perda de ecossistemas


Pesquisas da ONU mostram que sistemas naturais, de corais de recifes a florestas, são os maiores aliados para enfrentar as mudanças ambientais, porém são eles que estão em maior risco devido ao aumento das emissões de CO2

Resultados de um projeto do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) sobre as conseqüências econômicas da perda de biodiversidade divulgados nesta quarta-feira (02) em Berlim mostram que investir na restauração e manutenção de ecossistemas que valem trilhões de dólares para o Planeta pode ter um papel crucial na contenção das mudanças climáticas e da vulnerabilidade climática das economias.

O projeto “A economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade” (TEEB, na sigla em inglês) foi lançado em 2007 a partir de uma proposta dos ministros de meio ambiente do G8 5 (grupo dos países mais ricos, mais o Brasil, China, Índia, África do Sul e México) para calcular os custos das perdas de biodiversidade e ecossistemas e financiado pela Comissão Européia, pelo Ministério do Meio Ambiente da Alemanha e pelo Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais do Reino Unido.

“O que precisamos é um avanço notável em Copenhague. Nós já percebemos que melhorar a resiliência dos ecossistemas e manter a biodiversidade do planeta são partes centrais da agenda de mitigação e adaptação”, disse ministro de meio ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, que participou do lançamento.

Os integrantes do projeto destacam que um acordo sobre fundos para as florestas é deve ser uma prioridade para governos que irão participar da Conferência do Clima em Copenhague, em dezembro. Estimados cinco gigatoneladas, ou 15% das emissões de dióxido de carbono (CO2), estariam sendo absorvidos pelas florestas anualmente, as transformando em um “motor de mitigação” do mundo natural, dizem.

“As consequências econômicas são significantes, mas também são as sociais e humanitárias. Isto enfatiza que a simples análise de custo-benefício por si só irá falhar em capturar as dimensões éticas de decisões políticas internacionais sobre o clima agora e nas próximas décadas – especialmente em relação aos ecossistemas e ao ponto crítico do clima”, comentou o diretor-geral de Meio Ambiente da Comissão Européia, Karl Falkenberg, que também participou desta segunda fase de divulgação de dados do projeto.

Outra conclusão do TEEB é que investir em medidas para conservar ecossistemas como o mecanismo de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação (REDD) poderia não apenas ajudar a combater as mudanças climáticas, mas também seria uma chave para medidas de adaptação e anti-pobreza.

As florestas ainda fornecem serviços como água fresca, estabilização do solo, nutrientes para agricultura, oportunidades de eco-turismo, além é claro de alimentos, combustíveis e fibras – fatores essenciais para reduzir a vulnerabilidade das comunidade às mudanças climáticas.

O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, questionou os investimentos atuais em projetos multibilionários de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) e sugeriu que estes recursos fossem direcionados para a conservação de ecossistemas. “Talvez seja o momento de fazer uma análise de todos os custos e benefícios para ver se a opção tecnológica bate com a habilidade natural de captura e estocagem de carbono – um sistema natural que tem sido perfeito por milhões de anos com múltiplos benefícios adicionais, desde o suprimento de água até a reversão de perdas de biodiversidade”, comentou.

Os pesquisadores do TEEB sugerem a criação de um pacote financeiro para o carbono das florestas para maximizar os retornos de um acordo em Copenhague no futuro.

Apesar de ser incerto quanto seria necessário economicamente para manter o ciclo de estocagem de carbono das florestas e a adaptação de serviços ambientais em um mundo mais quente, as pesquisas do TEEB indicam que investir na infra-estrutura ecológica da Terra tem o potencial de oferecer uma excelente taxa de retorno.

Eles exemplificam dizendo que investir US$ 45 bilhões em áreas protegidas poderia assegurar o fornecimento de serviços ambientais que valem cerca de US$ 5 trilhões por ano.

Perdas irreversíveis

Ao mesmo tempo em que mostra a importância e os benefícios econômicos de investir em conservação ambiental, o projeto apresenta algumas conseqüências da falta de ação ou pouca ambição em um novo acordo climático global.

Cientistas envolvidos no TEEB mostram que os recifes de corais já estão sofrendo danos irreversíveis devido ao aquecimento global e acidez dos oceanos. Isto ocorre quando a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ultrapassa 350 partes por milhão (ppm), nível já ultrapassado e que segue subindo.

Segundo os pesquisadores, promover uma redução de apenas 16% nas emissões de dióxido de carbono, ou manter os níveis de CO2 em até 450ppm, condenaria este crítico ecossistema à extinção, levando junto a subsistência de 500 milhões de pessoas em questão de décadas.

O líder do projeto, Pavan Sukhdev, um ex-banqueiro do Deutsche Bank, afirma que a perda dos recifes de corais iria arruinar um dos bens naturais mais produtivos do mundo e que tem um papel central na defesa das costas contra tempestades e outros eventos climáticos extremos, previstos para aumentarem devido ao aquecimento global.

“Os serviços ambientais dos recifes de corais – desde a defesa das costas até serem o berçário de peixes – valem até US$ 170 bilhões anualmente e mais de 25% das espécies de peixes marinhos dependem deles”, comentou.

Fonte: Carbono Brasil.

Geleiras estão com os dias contados na América do Sul



Marcela Valente

Buenos Aires – Associada no imaginário coletivo à Amazônia, a maior selva tropical do mundo, a América do Sul também abriga ao longo de sua área oeste, do Equador à Argentina, geleiras que estão em processo acelerado de degelo devido ao aquecimento global. Em agosto desapareceu a geleira Chacaltaya na cordilheira dos Andes, na Bolívia, que tinha 18 mil anos de existência. Os especialistas esperavam o degelo para 2015, mas ocorreu antes e agora o que foi uma pista de esqui valorizada por ser a mais alta do mundo, com 5.300 metros acima do nível do mar, agora é uma declive de rocha e algumas placas isoladas de gelo.

No Equador, um deslizamento ocorreu este ano na base da geleira Cayambe e matou três turistas e um guia de alta montanha. Pouco antes, em maio, uma inédita enxurrada causou graves danos na região de Pampa Linda, no sul argentino, na base do Monte Tronador, por causa do colapso da geleira nessa montanha. São movimentos isolados que confirmam a tendência ao colapso, afirmam especialistas.

“As geleiras no Equador, Peru e Bolívia estão com os dias contados”, disse à IPS Juan Carlos Villalonga, diretor do capitulo argentino da organização não-governamental Greenpeace. O retrocesso também afeta os gelos da zona de Cuyo, a oeste da Argentina, e os mais vastos da Patagônia tanto do lado argentino quanto chileno, no sudoeste da América do Sul, acrescentou. Para o Greenpeace, este processo tem de servir para abrir os olhos dos líderes mundiais que se reunirão em dezembro em Copenhague, na XV Cúpula Mundial de Mudança Climática. Para a entidade, falta maior compromisso de redução de emissões de gás de efeito estufa, que aquecem a atmosfera.

Em conversa com a IPS, o especialista em geleiras Ricardo Villalba, do Instituto Argentino de Nivologia, Glaciologia e Ciências Ambientais (Ianigla) explicou que a retração das enormes massas de gelo “é um processo global que começou em 1850 e sofreu uma aceleração a partir de 1970%. Porém, alertou que esse processo “não é igual”. No Equador ou na Bolívia, onde as geleiras são menores, é fácil derreterem mais rapidamente”, explicou. Já na Argentina existe algum retrocesso “impressionante” e outros que se mantêm, dependendo da temperatura e das precipitações. No entanto, em média, Villalba disse que houve um retrocesso de 10% a 20% nas geleiras da Patagônia nos últimos 20 anos. “Se for mantida essa tendência, estes gelos desaparecerão entre 60 e 70 anos”, ressaltou.

Em um estudo intitulado “Mudança Climática: futuro negro para as geleiras”, o Greenpeace alertou em agosto sobre a aceleração do degelo na América do Sul. O informe recorda que o Painel Intergovernamental de Especialistas em mudança climática (IPCC) previu esta tendência em 2007. Segundo o IPCC, a média da temperatura global nos últimos cem anos aumentou 0,764 graus e a cobertura de gelos permanente e neve diminuiu em escala global. Também assinala que dos últimos 12 anos, 11 foram mais os mais quentes desde 1850 e que a previsão indica que o aumento continuará neste século.

“Um dos efeitos esperados da mudança climática é o desaparecimento maciço de gelos permanentes da superfície da Terra, tanto em calotas polares quanto nos diversos corpos de gelo sobre os continentes”, destaca o Greenpeace. Este fenômeno terá severas consequências, acrescenta. Em primeiro lugar, provocará o aumento do nível do mar e seus efeitos em forçadas migrações que provocará aumento da mudança climática devido à radiação solar que a superfície da terra absorverá.

Mas, acima de tudo, o derretimento das geleiras implica a perda de imensas reservas de água doce para consumo humano, e também para as bacias hidrográficas que contribuem para a geração de energia hidrelétrica. Estas perdas afetarão particularmente a região andina sul-americana. “Na América do sul existe uma variedade surpreendente de geleiras ao longo da cordilheira dos Andes e as mais extensas estão na Patagônia”, segundo o Greenpeace. O informe diz que no Equador “é iminente seu desaparecimento”, e destaca a importância nesse país ao afirmar que 450% da água utilizada em Quito provêm de degelo das geleiras.

O estudo confirma o que já foi apontado em 2008 pelo Banco Mundial em sua pesquisa intitulada “O impacto da mudança climática na América Latina”. De acordo com o Banco, “70% das geleiras tropicais do mundo estão nas elevadas montanhas da cordilheira dos Andes, no Equador, Peru e na Bolívia”. A instituição acrescenta que só no Peru, onde milhões de pessoas se abastecem de água de degelo, foram perdidos 22% da superfície das geleiras em pouco mais de 30 anos. Quelcaya perdeu 20% de seu volume desde 1963. “Retrocedeu mais rápido no último século do que nos 500 anos anteriores”, afirma o Greenpeace. “O retrocesso aumentou 30 metros ao ano na década de 90”, ressalta, em referência a essa geleira que abaste de água a cidade de Lima.

Na Argentina, na região de Cuyo, com vastas geleiras, “a situação é muito crítica”. A água é um recurso muito escasso ali. Na província de Mendoza, apenas 3% do território é oásis, o restante é deserto e depende fortemente da provisão de água de degelo. Na Patagônia, há cerca de 20 mil quilômetros quadrados de geleiras entre Argentina e Chile. Ficam nos dois países os Campos de Gelo Sul, com 13 mil quilômetros quadrados; os Campos de Gelo Norte no Chile, com 4.200 quilômetros quadrados, e a cordilheira Darwin, também compartilhada pelas duas nações, com 2.500 quilômetros quadrados.

“Muitas das maiores geleiras nestes campos experimentam uma severa redução e um sério retrocesso de vários quilômetros”, com exceção de dois deles, o Perito Moreno na Argentina e o Pio XI no Chile, que se mantêm estáveis ou mesmo avançam, informa o Greenpeace. Para Villalba, a subsistência destes frágeis ecossistemas se relaciona com o balanço que conseguem entre a neve que cai e a temperatura que deve ser mantida baixa para que não derretam. Nesse sentido, o especialista disse que o retrocesso recente está relacionado principalmente com a elevação da temperatura.

A geleira Upsala, por exemplo, está em processo de retração impressionante”, disse o especialista. Este campo de gelo desemboca no Lago Argentino, na província de Santa Cruz, e esse contato com a água o expõe a uma erosão mais acelerada. Algo semelhante ocorre com o Viedma na mesma província. “Enquanto prosseguir a emissão de gases de efeito estufa, este processo se intensificará, por isso exortamos no sentido de se reduzir o uso de combustíveis fósseis e pensar em energias alternativas”, ressaltou.

Fonte: Envolverde / IPS.