O aquecimento global tem grandes chances de mudar a dinâmica do El Niño, um dos fenômenos periódicos mais importantes para o clima da Terra. A forma mais atípica do fenômeno pode se tornar cinco vezes mais comum, trazendo consequências como secas no Sudeste e no Sul do Brasil.
O declínio do El Niño convencional e a ascensão do chamado El Niño Modoki (palavra japonesa que significa "parecido, mas diferente") foi previsto em simulações de computador, detalhadas em artigo na revista científica "Nature" de quinta-feira (24).
Sang-Wook Yeh e seus colegas do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Oceânico da Coreia do Sul assinam a pesquisa, que usou os dados históricos sobre o El Niño (de 1850 até hoje) e as projeções sobre o aquecimento para avaliar como será o fenômeno neste século.
"Desde os anos 1980, o El Niño Modoki já está aparecendo com mais frequência. Yeh e seus colegas mostram que é viável associar isso com o aumento da temperatura que vem acontecendo desde então", explica Karumuri Ashok, do Centro Apec do Clima, na Coreia do Sul, que comentou a pesquisa a pedido da "Nature".
Mudança de estilo - A diferença entre os dois tipos de El Niño tem a ver principalmente com a região do oceano Pacífico que passa por um aquecimento anormal de suas águas, desencadeando os efeitos do fenômeno. Enquanto o El Niño tradicional está ligado às águas relativamente quentes no leste do Pacífico, perto da costa peruana, o Modoki aparece na região central do oceano - daí outro de seus apelidos, "El Niño da Linha Internacional da Data", por estar perto da linha imaginária usada para marcar a mudança de um dia para outro nos fusos horários.
Por enquanto, o El Niño Modoki fica muito atrás da forma normal do evento em número de ocorrências - apenas sete contra 32 casos nos últimos 150 anos. O aumento projetado na nova pesquisa indica que o Modoki poderia se tornar tão comum quanto a forma normal do El Niño. "O Nordeste do Brasil vai receber mais chuva do que o normal, impacto que é o contrário do que ocorre no El Niño tradicional", diz Ashok.
Já o Sul e o Sudeste terão menos chuva do que o normal, outra inversão da forma típica do fenômeno. Isso, é claro, se mais pesquisas confirmarem as simulações. "Lembre-se de que os modelos ainda não são perfeitos", afirma o pesquisador.
(Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha Online)
O declínio do El Niño convencional e a ascensão do chamado El Niño Modoki (palavra japonesa que significa "parecido, mas diferente") foi previsto em simulações de computador, detalhadas em artigo na revista científica "Nature" de quinta-feira (24).
Sang-Wook Yeh e seus colegas do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Oceânico da Coreia do Sul assinam a pesquisa, que usou os dados históricos sobre o El Niño (de 1850 até hoje) e as projeções sobre o aquecimento para avaliar como será o fenômeno neste século.
"Desde os anos 1980, o El Niño Modoki já está aparecendo com mais frequência. Yeh e seus colegas mostram que é viável associar isso com o aumento da temperatura que vem acontecendo desde então", explica Karumuri Ashok, do Centro Apec do Clima, na Coreia do Sul, que comentou a pesquisa a pedido da "Nature".
Mudança de estilo - A diferença entre os dois tipos de El Niño tem a ver principalmente com a região do oceano Pacífico que passa por um aquecimento anormal de suas águas, desencadeando os efeitos do fenômeno. Enquanto o El Niño tradicional está ligado às águas relativamente quentes no leste do Pacífico, perto da costa peruana, o Modoki aparece na região central do oceano - daí outro de seus apelidos, "El Niño da Linha Internacional da Data", por estar perto da linha imaginária usada para marcar a mudança de um dia para outro nos fusos horários.
Por enquanto, o El Niño Modoki fica muito atrás da forma normal do evento em número de ocorrências - apenas sete contra 32 casos nos últimos 150 anos. O aumento projetado na nova pesquisa indica que o Modoki poderia se tornar tão comum quanto a forma normal do El Niño. "O Nordeste do Brasil vai receber mais chuva do que o normal, impacto que é o contrário do que ocorre no El Niño tradicional", diz Ashok.
Já o Sul e o Sudeste terão menos chuva do que o normal, outra inversão da forma típica do fenômeno. Isso, é claro, se mais pesquisas confirmarem as simulações. "Lembre-se de que os modelos ainda não são perfeitos", afirma o pesquisador.
(Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha Online)
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