segunda-feira, 6 de outubro de 2008

MAIS ENERGIA E MENOS POLUIÇÃO





Capturar o metano ( CH4) acumulado no fundo dos reservatórios de usinas hidrelétricas e transformá-lo em energia é a proposta de um grupo de pesquisadores do INPE ( Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, interior de São Paulo.
Considerando um dos principais vilões dos efeitos estufa, o CH4 é produzido nos reservatórios principalmente de bactérias que se aproveitam das condições anaeróbicas ( sem oxigênio) e reproduzem o gás poluente que permanece dissolvido na água. “ O metano escapa para atmosfera quando passa pelas turbinas e pelos vertedouros da usinas. O efeito é parecido com o abrir uma garrafa de refrigerante, água das represas é subitamente despressurizada e libera o gás ”, explica Fernando Manuel Ramos do Centro de Tecnologias Especiais – Laboratório Associado de Computação e Matemática Aplicada do INPE, autor do projeto com Luis Antônio Waak Bambace e Ivan Bergier Tavares de Lima.
Para evitar que o metano chegue à atmosfera, a idéia dos pesquisadores é capturá-lo ainda no fundo do lago. Para isso, será colocada uma barreira física impedindo que as turbinas das hidrelétricas suguem águas ricas em metano. Feita com lona encerada e ancorada por pesos e estacas no fundo da represa, a barreira será fixada em bóias na superfície dos reservatórios e ficará posicionada numa distância segura para não ser sugada pelas turbinas.
Pelo projeto, um sistema de tubulações conectado a bombas, similar ao aspirador de piscina, coletará a água contaminada e levará para as barcaças que ficarão flutuando na superfície, onde será feita a extração do metano através do sistema de vaporização em ambiente fechado. “Nossa idéia é tirar o gás lá do fundo do reservatório, jogá-lo para cima e pulverizá-lo numa quantidade enorme de gotículas, como se fosse um spray para que o metano saia e seja estocado”, descreve Ramos. A água tratada voltará ao fundo da represa por outro sistema de dutos e o gás extraído será queimado numa turbina a gás para geração de energia elétrica. Um sistema móvel permitirá deslocar a barcaça e fazer a colheita em outra posição quando o metano for esgotado numa determinada região.
O custo de extração depende de concentração de gás no fundo do lago. “Se houver 10g de CH4 por metro cúbico serão necessários US$750 milhões para extrair um milhão de toneladas de metano por ano”, calcula o pesquisador. Para colocar a iniciativa em prática há cinco anos em estudo, os pesquisadores aguardam investimento para construção do primeiro protótipo. “Existe uma empresa interessada na tecnologia e estamos justamente fazendo levantamento do estoque de um determinado reservatório. Se confirmada à hipótese, ela financiará o desenvolvimento dos equipamentos para primeira fase que é de extração”, informa Ramos.
Para finalizar, o processo também proporcionaria a geração de energia limpa, tendo em vista que o CH4 coletado seria queimado numa turbina a gás, resultando no CO2 ( gás carbônico). “ É um carbono limpo e com ele é possível fazer um projeto de MDLs ( Mecanismos de Desenvolvimento Limpo), pedir créditos de carbono e até ganhar dinheiro. O Pais pode lucrar muito com essa tecnologia”; aposta.

fonte: Orgão Informativo da Federação Nacional dos Engenheiros - Ano IX - Nº 76 - Setembro 2008

Um comentário:

Thiago François disse...

Ótima postagem. Espero que um dia, nossa Universidade também possa colaborar com projetos desse porte.