Nilson Mariano
Parte do lixo acabou depositada na área do Porto Seco de Caxias do Sul
A empresa que recebeu 1.098 toneladas de lixo doméstico exportadas da Inglaterra, a Alfatech Ltda, de Bento Gonçalves, encerrou as atividades ontem. Dizendo-se vítima de um golpe, o empresário Arildo Falcade Júnior, anunciou que não pôde mais continuar como reciclador e fabricante de produtos plásticos. Fechou as portas e demitiu 22 dos 25 funcionários.
Dono da Alfatech, Falcade Júnior assegura que levou um trote dos britânicos. Ele conta que fez uma compra inicial, em janeiro, recebendo 16 contêineres (cerca de 150 toneladas) de aparas de plástico, conforme o combinado. Ao fechar o segundo negócio, surpreendeu-se com a chegada das 1.098 toneladas de lixo doméstico.
Dono da Alfatech, Falcade Júnior assegura que levou um trote dos britânicos. Ele conta que fez uma compra inicial, em janeiro, recebendo 16 contêineres (cerca de 150 toneladas) de aparas de plástico, conforme o combinado. Ao fechar o segundo negócio, surpreendeu-se com a chegada das 1.098 toneladas de lixo doméstico.
Desde que estourou o escândalo, a Alfatech vinha em dificuldades. Além da perda de clientes, foi autuada em R$ 633 mil pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pela estocagem de lixo em Rio Grande, Santos e Caxias do Sul. Na sucessão de prejuízos, teria pago cerca de R$ 200 mil pela mercadoria aos britânicos, sem contar o frete, os impostos de importação e as despesas com o transporte marítimo. O custo operacional de cada contêiner está ao redor de R$ 3,5 mil.
Os 64 contêineres foram importados pela Alfatech, que garante ter comprado aparas de plástico – e não embalagens de talco, frascos de xampu e de detergente, bambonas, garrafas pet, fraldas usadas, cabides quebrados, luvas, tapetes rasgados, tampa de sanitário e outros rejeitos domésticos. Diante da repercussão negativa do episódio, a Alfatech perdeu clientes, que cancelaram encomendas. Situada no bairro Vila Nova, periferia de Bento Gonçalves, a recicladora passou a ser criticada, xingada por moradores indignados com a situação.
O chefe da Delegacia da PF em Rio Grande, João Manoel Vieira Filho, investiga se a Alfatech sofreu um golpe dos britânicos, comprando aparas de plástico mas recebendo lixo sujo. Ou, então, se a recicladora gaúcha está envolvida numa operação para descarte internacional de resíduos. Na próxima semana, Vieira Filho começará a ouvir os envolvidos, num trabalho conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal de Rio Grande.
Greenpeace faz alerta
O lixo europeu que veio parar em Rio Grande e Santos repercutiu entre os defensores do ambiente. Entrevistado por ZH, o diretor-executivo do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, lembrou ontem que países ricos costumam enviar seus rejeitos para regiões pobres da África, América do Sul e Ásia, num triângulo de conivências entre exportador, transportador e importador.
– É mais barato, para eles, mandar esse lixo de navio do que providenciar o seu destino no país de origem – alertou.
Furtado ressaltou que o governo brasileiro deve agir, devolvendo imediatamente as 1.098 toneladas de lixo para a Inglaterra, para não criar um precedente.
– Se isso não der em nada, vai ficar a mensagem de que o Brasil é um bom destino para o lixo dos ricos. O Brasil precisa mostrar que esse tipo de comércio não é tolerado – afirmou o dirigente.
Fonte: REBIA Nacional / Zero Hora.
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