quinta-feira, 19 de março de 2009

Por uma educação “sustentável”

Por Dal Marcondes*



Os profissionais que vão construir e manter uma economia sustentável nos próximos anos precisam receber nos bancos escolares uma “educação pela sustentabilidade”.

A construção de um país sustentável, capaz de superar os desafios do desenvolvimento e manter a capacidade de oferecer qualidade de vida às futuras gerações, passa necessariamente pela qualificação de cidadão sob o ponto de vista profissional e ético.

O Brasil é um dos países onde mais avança o conceito de sustentabilidade e a aplicação de tecnologias capazes de oferecer alternativas eficientes de desenvolvimento sustentável. No entanto, é também um dos países onde os desafios da superação da miséria são mais evidentes. Nas cidades e no campo a falta de oportunidades e a ruptura de padrões mostram que o atual modelo vigente de desenvolvimento não foi capaz de elevar o país aos níveis de riqueza já alcançados por outros países, apesar de ser a 10ª economia mundial.

Existem alguns consensos globais em torno dos mecanismos de superação da miséria. O principal deles diz que a educação é o caminho universal para o desenvolvimento. Mas, a este desafio enfrentado pelos educadores, associa-se outro, o do desenvolvimento sustentável. Ou seja, não basta mais ser educado, é preciso ser educado para a sustentabilidade. Pois os grandes obstáculos que a humanidade têm pela frente estão relacionados à necessidade de se garantir a renda e a qualidade de vida das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras conseguirem garantir sua própria sobrevivência com padrões de qualidade iguais ou melhores do que os de hoje.

Este início do século XXI carrega a responsabilidade de quebrar alguns dos paradigmas mais arraigados da sociedade humana. Desde a revolução industrial os homens estão desenvolvendo maneiras de produzir mais e melhor, a custos mais baixos e sem se preocupar com os impactos que isto provoca no meio ambiente, ou como se diz em linguagem econômica: as externalidades do negócio. Hoje está provado por estudos realizados pelas principais universidades e instituições de pesquisas do mundo que estas “externalidades” estão comprometendo de forma global as qualidades da Terra para manter a vida humana nos padrões atuais. O planeta está perdendo a capacidade de prestar os “serviços ambientais” necessários à manutenção da vida humana e suas atividades econômicas.

É necessário que a humanidade repense seu processo civilizatório. É preciso que se construam novos paradigmas que tornarão possível às empresas e governos garantir os produtos e serviços que darão as futuras gerações o conforto com o qual a sociedade atual está acostumada. E, para isto, será necessária muita inovação, na medida em que as soluções para os atuais problemas do processo desenvolvimentista não estão no passado, nem das empresas e nem dos governos.

Os desafios começam na construção dos conceitos de sustentabilidade que deverão servir como base para o desenvolvimento de uma nova economia. Modelos de produção e consumo capazes de preservar os recursos naturais, atuar com eficiência energética e incorporar padrões éticos que permitam a percepção de valores sociais e ambientais intangíveis.

O grau de desenvolvimento das organizações no que tange à sustentabilidade ainda está em níveis muito distintos em cada tipo de organização e empresa. Existe um caminho que começa a ser trilhado com maior ou menor desenvoltura, dependendo da motivação e da necessidade de cada um. Mas existe, também, uma clara percepção da sociedade e das empresas que não é mais possível considerar como eficiente ou de sucesso organizações que tem em seu entorno sociedades fracassadas.

O desenvolvimento do conceito de sustentabilidade foi um processo que veio desde o início das grandes empresas, ainda na metade do século XX, quando o simples cumprimento das leis representava um grande avanço social e estas empresas eram, então, consideradas responsáveis. Além disto, ela poderia dedicar-se a ações de filantropia, onde seus recursos seriam utilizados para mitigar algum tipo de dor social. No entanto, os tempos mudam e as necessidades também. A ação humana não é mais localizada, mas tem impactos muito mais abrangentes e de alcance planetário.

Nos anos 80 a Organização das Nações Unidas (ONU) encomendou um estudo à então primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland. Este trabalho foi publicado em 1987 sob o nome “Retatório Brundtland”, ou “Nosso Futuro Comum”. Foi a primeira vez que um conceito para sustentabilidade foi expresso e mundialmente aceito. De acordo com o relatório, “ser sustentável é conseguir prover as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras em garantir suas próprias necessidades”. Um dos parâmetros mais aceitos deste relatório é o do Triple Bottom Line, que estabelece a necessidade de um equilíbrio entre as ações e resultados econômicos, ambientais e sociais das organizações. Ou seja, uma organização sustentável precisa ser economicamente lucrativa, ambientalmente correta e socialmente responsável. Mais, as ações de sustentabilidade precisam ser parte da gestão das organizações e não apenas ações pontuais.

Foi também a primeira vez que um estudo patrocinado pela ONU chega à conclusão de que é preciso mudar os atuais padrões de produção e consumo adotados pelas diversas sociedades da Terra, de forma a preservar os recursos e serviços ambientais necessários à sobrevivência humana. Desde então existe um grande movimento de governos, empresas e ONGs que buscam criar parâmetros para o desenvolvimento sustentável.

As empresas estão habituadas a realizar ações de filantropia, onde doam seus recursos, sejam financeiros ou materiais, para a realização de eventos em prol de terceiros. Estas ações são o primeiro passo em uma escalada em direção à sustentabilidade. Têm apenas o caráter eventual ou até mesmo de marketing. O segundo passo são as ações de Responsabilidade Social. Neste caso as empresas assumem compromissos e estabelecem metas de desempenho para suas ações socioambientais.

Empresas socialmente responsáveis atuam além do que exige a lei, de forma permanente e como parte de seu planejamento estratégico. Este é o caso, por exemplo, de organizações que fazem trabalhos de formação profissional para públicos distintos, que têm um relacionamento permanente com seus stakholders. Estas organizações têm a percepção de que existem outros valores desejáveis além do lucro. Sabem, por exemplo, que passivos sociais e ambientais podem ter um impacto negativo sobre sua marca e cuidam para que eles não existam ou sejam neutralizados.

No entanto, estes são apenas os dois primeiros passos. Existe na Bíblia um antigo provérbio que muito bem se aplica na definição dos conceitos de Filantropia, Responsabilidade Social e Sustentabilidade:

Filantropia: é dar o peixe a quem tem fome

Responsabilidade Social: é ensinar a pescar

Sustentabilidade: é cuidar da qualidade da água do rio, preservar suas margens e matas ciliares,suas nascentes e cuidar para que não seja poluído e nem assoreado, cuidar para que exista peixe para sempre.

Ser sustentável é, portanto, o exercício cotidiano da responsabilidade e a busca permanente por menos e menores riscos e externalidades negativas. E esta forma de gestão deixa de ser apenas uma busca da satisfação dos acionistas, para colocar a organização em uma nova trajetória, uma onde sua ação passa a ser parte do processo civilizatório que deverá levar a sociedade humana a ter mais e melhor qualidade de vida nos próximos séculos. (Envolverde)


* Dal Marcondes é editor da Envolverde, já atuou em grandes meios da mídia econômica brasileira e, desde 1995, dedica-se à pauta socioambiental. Em 2006 e 2008 recebeu o “Prêmio Ethos de Jornalismo” e, em 2007 foi escolhido “Jornalista amigo da Infância” pela Agência Nacional dos Direitos da Infância (ANDI).

Fonte: Agência Envolverde.
Pesquisa: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/2009/marco/19/3.asp

Tratamento errado de sólidos e águas contaminam mananciais usados pela população

Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa mostra ovos de giárdia e do ainda pouco conhecido Cryptosporidium no solo e na água que é usada para consumo.

Protozoários são seres formados por apenas uma célula, possuem cílios ou flagelos e se movimentam emitindo pseudópodos ou mudando de forma física. Alguns protozoários são responsáveis por doenças muito importantes no Brasil como doença de Chagas, esquistossomose, malária, toxoplasmose, amebíase e giardíase e criptosporidiose, entre outras. A giardíase e a amebíase, por exemplo, são doenças que podem ser contraídas quando se consome água contaminada respectivamente pela giárdia e pela ameba. Outro protozoário não muito conhecido, mas que vem causando inclusive surtos de infecções no intestino é o Cryptosporidium, agente da criptosporidiose e que já é considerado um problema de saúde pública.

De acordo com artigo publicado em dezembro de 2008 no Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, “o uso inadequado, e muitas vezes irracional, dos recursos hídricos disponíveis reflete o atual quadro de escassez e deterioração da qualidade da água. O não tratamento ou tratamento inadequado dos resíduos sólidos e das águas residuárias provocam a contaminação, por diferentes tipos de organismos, de mananciais de água usados para consumo humano”. Segundo Dias, Bevilacqua, Bastos, Oliveira e Campos, dos departamentos de veterinária e engenharia civil da Universidade Federal de Viçosa, autores do artigo e de pesquisa que lhe deu origem, giardíase e criptosporidiose são “alvo de preocupações recentes, tanto das autoridades de saúde pública quanto da comunidade científica, devido à transmissão comprovada de cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. mediante consumo de água tratada e distribuída por sistemas de abastecimento”.

O grupo investigou a existência de ovos destes enteroparasitas na bacia hidrográfica do Ribeirão São Bartolomeu, em Viçosa (MG). De acordo com o texto, “o estudo incluiu as populações humana e animal existentes na área da bacia, bem como no efluente de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) e de duas instalações para suínos”. Os resultados não foram animadores. “Indicam presença de (oo)cistos no manancial (médias geométricas: 3,92 e 3,62 (oo)cistos/l para Giardia spp. e Cryptosporidium spp., respectivamente). Propriedades com exploração bovina foram positivas ao longo de todo período (prevalência média de propriedades positivas 36,4% para Giardia spp. e 18,0% para Cryptosporidium spp.)”, dizem os pesquisadores. Já o efluente da estação de tratamento de esgoto “apresentou elevada concentração de cistos de Giardia spp. (média geométrica na ordem de 104/l), mas não foram encontrados oocistos de Cryptosporidium spp”, acrescentam.

Para Dias e colegas, “a forma de ocupação do solo interfere na qualidade parasitológica da água bruta” e os “resultados apontam para a importância de adoção de medidas preventivas, como proteção de áreas de mananciais, objetivando reduzir riscos de transmissão de protozoários via água de consumo humano”.

Fonte: Agência Notisa.
Pesquisa: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/2009/marco/19/7.asp

quarta-feira, 18 de março de 2009

IS0 14000 e a PEGADA ECOLÓGICA







Por Faustino Vicente*

A palavra grega ISO,que significa igualdade, é a sigla da International Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional para Normalização, fundada em 1947, e localizada em Genebra, na Suíça. Trata-se de uma entidade não-governamental que edita uma série de normas técnicas, reconhecidas internacionalmente, que visam padronizar e melhorar a qualidade de produtos e serviços de empresas do mundo todo. Milhares de empresas, de mais de uma centena de países, têm investido na busca de um Certificado de Qualidade ISO. Ela pode ser entendida como: – escreva o que e como você faz, e faça como você escreveu.

Do elenco de normas existentes daremos destaque,nesta oportunidade, para a ISO14.001 – Sistema de Gerenciamento Ambiental –, que objetiva prevenir, eliminar ou minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente causados por empresas privadas e públicas. Os passos para a implementação desta norma estão assim definidos: 1.) Comprometimento e definição da política de meio ambiente – 2.) Planejamento do sistema de gestão ambiental (SGA) – 3.) Implementação do SGA – 4.) Medições e avaliações e, 5.) Revisão e melhorias contínuas. Conscientizar, envolver e comprometer – do presidente ao servente – é de fundamental importância para que o SGA atinja as metas pré-estabelecidas. Acompanhar rigorosamente, e validar, cada uma das etapas do processo operacional da fabricação de produtos, e da prestação de serviços, é procedimento obrigatório para garantir o equilíbrio do meio ambiente e a melhoria continuada da qualidade de vida.

Para que o SGA seja bem-sucedido é recomendável fazer um diagnóstico através do diagrama dos 7Ms: 1) mercado, 2) mão-de-obra, 3) matéria-prima, 4) máquinas, 5) método, 6) medição e 7) meio ambiente. Essa análise crítica nos levará a reduzir as possibilidades de poluição, reutilizar parte do que já foi usado, reciclar todo tipo de sucata e reinventar novos processos operacionais para a fabricação de produtos e prestação de serviços. A agressão ao meio ambiente é, também, um desrespeito à massa consumidora, que está tendo a sua percepção despertada para recusar produtos e serviços de empresas ecologicamente incorretas.

Os gravíssimos problemas que estão ocorrendo com o aquecimento global não devem ser atribuídos apenas á uma parcela da classe empresarial, pois os governantes, também, têm a sua parte de responsabilidade na degradação do meio ambiente. Políticas públicas ineficientes, fiscalização insuficiente, investimentos em saneamento básico aquém das necessidades, excesso de burocracia e corrupção,são fatores da mesma equação – ações públicas eficazes.

Além da iniciativa privada e dos órgãos públicos cabe, a cada um dos seis bilhões e seiscentos milhões de habitantes do planeta azul, a sua cota de responsabilidade pela preservação do meio ambiente. Combate de desperdício de toda espécie, redução do volume de lixo, coleta seletiva, jogar o lixo no lixo, incentivos á cooperativas de coleta e implementação da CIPRAM – Comissão Interna de Preservação Ambiental são medidas indispensáveis á qualidade de vida. A educação pode contribuir para que tenhamos maior consciência sobre a chamada - Pegada Ecológica, que significa o “quanto da terra produtiva, área florestal, energia, habitação, água, mar, urbanização e capacidade de absorção dos dejetos cada pessoa necessita, para viver de forma minimamente digna. A esse conjunto de fatores, Martin Rees e Mathis Wackermagel, deram o nome de pegada ecológica, cujo estudo indica 2,8 hectares para cada pessoa”.

Numa simples reflexão sobre alguns textos da Bíblia (Gênesis 1, 24-31 + 2,1-19 e Deuteronômio 8,7-10), podemos encontrar referências sobre a preservação do meio ambiente, desenvolvimento sustentável do ser humano e a destinação social dos recursos naturais da terra. Ah! A natureza não reclama dos maus tratos – vinga-se.


* Faustino Vicente - Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos – e-mail: faustino.vicente@uol.com.br – tel. (11) 4586.7426 – Jundiai (Terra da Uva) São Paulo - Brasil

Fonte: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/2009/marco/18/4.asp

terça-feira, 17 de março de 2009

Florestas perdem 200 km² por dia no mundo, alerta FAO

Queda da expansão do setor imobiliário nos países mais ricos força queda da demanda por madeira

Jamil Chade




GENEBRA - Um novo levantamento da FAO alerta que 200 quilômetros quadrados de florestas estão sendo dizimadas por dia no mundo. Os dados ainda apontam que, entre 2000 e 2005, o mundo perdeu 7,3 milhões de hectares. Na América do Sul, o alerta da FAO é de que o desmatamento não deve ser reduzido nos próximos anos.

A queda do setor imobiliário nos países ricos está tendo um impacto na florestas, com a queda da demanda por madeira. Mas a FAO também alerta que há uma queda de investimentos, o que deve afetar os esforços de gerência de reservas e de madeira certificada. Um dos temores é de que governos reduzam os investimentos no setor de energia limpa. Iniciativas que dependem de créditos externos para a redução de emissões também podem ser afetadas.

Para completar, a contração da economia pode acabar dando mais espaço para o setor informal, entre eles o corte ilegal de madeira.

"Na América do Sul, o ritmo do desmatamento não deve cair no futuro próximo, apenas da baixa densidade populacional", afirmou a FAO.

Fonte: Estadão Online Ciência.

Poluição do Rio Araújo - recuperação ainda é uma incógnita


A Situação do Rio Araújo melhorou. Segundo a ultima analise feita no final de janeiro pelo Instituto Mangue Vivo, foi registrada uma pequena melhora na qualidade da água apesar de estar longe do ideal. Isso ocorreu certamente em função da denuncia feita pela instituição em setembro do ano passado, e que chamou a atenção das autoridades sobre a real situação do rio.

O Ministério Publico de Santa Catarina através do Promotor de Justiça Dr. Carlos Alberto Platt Nahas, que na época instaurou Inquérito Civil para apurar a ocorrência de danos ambientais para identificar e punir os responsáveis, vem mantendo reuniões com autoridades e a sociedade organizada para encontrar uma rápida solução que acabe de uma vez com a poluição do Rio Araújo.

Esta semana o promotor recebeu o Instituto Mangue Vivo que apresentou o projeto “Rio Araújo em Debate. Recuperar e Humanizar ou Canalizar”, que a Instituição pretende realizar em maio deste ano. A idéia é reunir a sociedade e todas as instituições envolvidas, entre elas, o próprio Ministério Publico, Governo do estado, Prefeituras de São José e Florianópolis, Casan, Fatma, Policia Militar Ambiental, IBAMA Síndicos dos prédios da região que margeia o rio, Engenheiros, Biólogos, Geógrafos, Arquitetos e Profissionais em Gestão Urbana.

O objetivo é discutir em conjunto o que realmente é necessário fazer para recuperar o Rio Araujo, elaborar um plano estratégico, e depois formar um grupo de trabalho para dar continuidade às ações que resultaram deste debate.

“Não adianta humanizar ou canalizar o Rio Araujo sem antes resolver o problema da poluição”, comentou o Promotor ao representante do Instituto Mangue Vivo Paulo Douglas T. Pereira.

O evento será realizado nos dias 25 e 26 de maio de 2009 no Hotel Itaguaçú em Florianópolis.

Maiores informaçoes no site www.manguevivo.org.br ou fone 48 32483030

Fonte: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/2009/marco/17/9.asp.

segunda-feira, 16 de março de 2009

IBAMA do Amapá é condenado pela Justiça Federal por omitir informações sobre massacre de golfinhos


Porto Alegre, RS - Em julho de 2007, o Instituto Sea Shepherd Brasil ingressava com pedido liminar de exibição de documentos na Justiça Federal do Amapá, visando a obtenção do nome do proprietário da embarcação responsável pelo massacre ilegal de 83 golfinhos. O fato havia sido noticiado pelo Jornal Nacional da Rede Globo dias antes, com repercussão mundial.

O juiz federal José Renato Rodrigues, da 2ª Vara da Circunscrição do Amapá, deferiu ordem liminar contra o IBAMA para fornecer imediatamente os documentos referentes ao proprietário da embarcação envolvida, e ainda, condenou o órgão a pagar R$ 500 a título de honorários advocatícios. “Vamos recorrer. Acreditamos que o fraco efeito pedagógico produzido por essa quantia não cumpre o objetivo de constranger o órgão pelo ato ilegal de sonegar informações, já que é sabido que a instituição não pode negar a apresentação de documentos, pelo contrário, é obrigada a fornecê-lo para qualquer cidadão, por força de lei. Foi um longo e penoso trabalho até a obtenção das informações, sem nenhum apoio voluntário no local do massacre, ou seja, diligenciamos tudo por telefone e correio", explica Cristiano Pacheco, diretor executivo do Instituto Justiça Ambiental, organização não-governamental que atua em defesa do meio ambiente apoiando a Sea Shepherd Brasil, ONGs e o Poder Público.

“Vamos recorrer a decisão porque o IBAMA e os cidadãos brasileiros que lutam pela justiça ambiental precisam saber que a lei nos pertence, que o país é nosso, e é nossa a responsabilidade de garantir um futuro saudável para nossos filhos e para a biodiversidade marinha", comenta Daniel Vairo, presidente do Instituto Sea Shepherd Brasil.

A Sea Shepherd lembra que a pesca predatória ilegal e o massacre de golfinhos se estende por todo o litoral brasileiro, de forma descontrolada. Golfinhos são capturados, mortos e vendidos ainda em alto-mar por criminosos ambientais, para fazerem de sua carne uma isca para captura de tubarões. Tubarões são sacrificados por suas barbatanas, que são vendidas ilegalmente ao mercado asiático para fazer sopa e para o mercado farmacêutico - as pílulas de cartilagem. No Brasil, ainda há a crendice popular de que o olho do golfinho, quando carregado no bolso, 'atrai dinheiro e mulher ', além do uso dos dentes para a fabricação de colares.

Fonte: Sea Shepherd.

domingo, 15 de março de 2009

TV Cultura exibe programa Ação & Meio Ambiente, produzido no UNIFIEO



Serão apresentados os episódios Trânsito, Rio Pinheiros e Ilhas do Brasil


O programa Ação & Meio Ambiente, realizado pelo UNIFIEO em parceria com o especialista em gestão ambiental Pedro Barbosa, terá três episódios exibidos em março, na TV Cultura. As apresentações ocorrerão nos dias 21 e 28 às 9h, no programa Campus.

Os episódios Trânsito e Rio Pinheiros serão transmitidos no programa de 21 de março, com reprise no dia 23 à 1h. O primeiro traça um perfil da atual situação do tráfego de veículos nas grandes metrópoles e as possíveis soluções apresentadas pelas autoridades, público e especialistas. O segundo mostrará as condições atuais do rio Pinheiros, as funções da Usina Elevatória de Traição e do projeto Pomar Urbano, bem como um debate sobre as obras dos coletores troncos e interceptores de esgoto, necessários para a recuperação do rio.

Já no dia 28, com reprise no dia 30, será a vez da apresentação do episódio Ilhas do Brasil, onde será relatada a atuação de Silvio Barone, membro da ONG Instituto Ilhas do Brasil, que procura criar modelos de gestão costeira a partir de iniciativas de comunidades tradicionais que habitam as ilhas e a costa brasileira. O telespectador acompanhará duas expedições, uma feita à Ilha do Montão de Trigo, no litoral norte do Estado de São Paulo, e outra ao Atol das Rocas, quando então, poderá conhecer um pouco sobre as tecnologias socioambientais aplicadas pelo instituto.

No ar desde setembro de 2007, o Ação & Meio Ambiente atualmente é exibido por mais de 25 emissoras, entre elas a TV Mundo Maior, TV Osasco (canal 6 e 22 da NET), TV Jaú, TV Fênix de Campinas e TV Guarulhos. Além de São Paulo, o programa é transmitido em mais seis estados brasileiros, como Alagoas (TV Maceió), Paraná (TV Millenium), Santa Catarina (TV Galega e TV Floripa), Rio Grande do Sul (TV Cristal), Rio de Janeiro (TV Vila Imperial) e Minas Gerais (TV Lafaiete)

A apresentação e direção ficam a cargo de Pedro Barbosa, também responsável, em parceria com a equipe do UNIFIEO, pela edição. O apresentador e diretor sai a campo em busca de fatos, entrevistas e imagens da realidade brasileira. O resultado é um programa semanal dinâmico, com linguagem leve, mas com uma rica carga de informações, apresentando soluções para as atuais questões socioambientais.

Sobre a FIEO e o UNIFIEO

Com 41 anos de tradição no Ensino Superior, a FIEO – mantenedora do UNIFIEO (Centro Universitário FIEO) – está localizada na cidade de Osasco. Empenhada em atender estudantes da cidade, dos municípios vizinhos e de toda a região Oeste da Grande São Paulo, seu objetivo é ministrar o ensino superior, estimular a pesquisa em todos os campos das ciências e, por meio da extensão cultural, prestar serviços à comunidade.

O UNIFIEO conta com mais de 60 opções de cursos nas áreas de ciências humanas, exatas, biológicas e artes. Sua infra-estrutura possui mais de 87.000 m2 de área construída. São dois processos seletivos, um para ingresso no primeiro semestre (dezembro/janeiro) e outro para o segundo semestre (maio/junho).

Fonte: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/2009/marco/13/7.asp.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Polícia Federal prende 72 pessoas por tráfico de animais silvestres



Rio de Janeiro, RJ – Pelo menos 72 pessoas foram presas na operação que a Polícia Federal realiza nesta quarta-feira com o objetivo de desarticular uma quadrilha internacional de traficantes de animais silvestres. No total, foram expedidos para a “Operação Oxóssi” 98 mandados de prisão e 140 de busca e apreensão a serem cumpridos nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Maranhão, Pará e Rio Grande do Sul.

De acordo com a Polícia Federal, 42 suspeitos foram presos no Rio de Janeiro. Entre eles estão cinco policiais militares, uma senhora de 68 anos, detida no município de Magé, na Região Metropolitana, e um cidadão da República Tcheca, preso num condomínio de classe média alta na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

O estrangeiro é considerado pela PF como um dos intermediadores da quadrilha de traficantes com o exterior. Segundo a polícia, cinco foragidos estão em Portugal, na Suíça e na República Tcheca. A Interpol já foi acionada para ajudar nas prisões.

No Brasil, a ação conta com cerca de 450 policiais federais mais o apoio da Marinha e de agentes do Ibama.


Investigações

Araras apreendidas na operação policial



De acordo com a Polícia Federal, as investigações da “Operação Oxóssi” tiveram início em janeiro do ano passado. Os levantamentos apontam que os envolvidos chegavam a comercializar 500 mil animais por ano.

Entre as espécies mais negociadas estão diversos tipos de aves, cobras, onças-pintadas, veados-mateiros e macacos-prego. As investigações mostraram que os traficantes lucravam cerca de R$ 20 milhões por ano com as vendas ilegais.

No Estado do Rio de Janeiro, local onde a quadrilha se concentrava, os animais eram vendidos nas feiras de Honório Gurgel, na zona norte da capital fluminense, e de Belford Roxo e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Os envolvidos no esquema irão responder por crime ambiental, receptação, contrabando e formação de quadrilha. Eles podem pegar no máximo 11 anos de prisão por esses crimes, já que, segundo a PF, a legislação para crimes ambientais ainda é muito branda.

A operação foi batizada de Oxóssi em homenagem à divindade africana que representa o protetor dos animais e das matas.

Fonte: Último Segundo IG.

domingo, 8 de março de 2009

Água, uma crise também global

Mais uma contribuição da profª Márcia Marino.

De 2 mil a 5 mil litros de água é a quantidade necessária para produzir alimento para o consumo diário de uma única pessoa. O dado, do Departamento de Meio Ambiente e Manejo de Recursos Naturais da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) torna-se ainda mais impressionante ao se considerar que a população mundial aumentará dos 6,5 bilhões atuais para mais de 9 bilhões de habitantes em 2050. E mais ainda sabendo que as mudanças do clima afetarão o regime de chuvas, a evaporação e o armazenamento de águas - portanto a produção agrícola, que consome 90% da água doce do mundo.

Segurança alimentar, geração de energia (hidrelétrica e biocombustíveis), desenvolvimento local, produção industrial, saneamento - uma criança morre a cada 19 segundos no mundo, vitimada pela falta de água limpa -, abastecimento de centros urbanos e conflitos territoriais são algumas das várias implicações do tema água. O assunto, com todos esses desdobramentos, será objeto de um grande encontro mundial na terceira semana de março.

Delegações de mais de 150 países vão se reunir em Istambul, na Turquia no 5º Fórum Mundial da Água (www.worldwaterforum5.org), evento que é realizado a cada três anos desde 1997 pelo Conselho Mundial da Água (World Water Council), sediado em Marselha, na França.

Este ano, o tema será "Superando Divisores de Água". Normalmente vista como uma questão local, a água será tratada como um assunto que transpassa limites geográficos, culturais e socioeconômicos.

"A globalização econômica gerou o conceito de água virtual. Países que têm pouca água importam alimentos e, dessa maneira, também importam água e isso traz impactos para quem produz os alimentos", afirma Benedito Braga, diretor da Agência Nacional das Águas e vice-presidente do Conselho Mundial da Água, que organiza o encontro ao lado do governo da Turquia.

Com as mudanças climáticas, áreas que já vêm sendo afetadas pela escassez de água tendem a sofrer com secas mais frequentes. Grandes bacias hidrográficas, incluindo importantes áreas produtoras de alimentos na região do Rio Colorado, nos Estados Unidos, do Rio Indo, no Sul da Ásia, do Rio Amarelo, na China, do Rio Jordão, no Oriente Médio, do Delta do Nilo, na África e do Rio Murray, na Austrália, estão "fechadas", ou seja, impossibilitadas de terem suas águas utilizadas, informa o Conselho Mundial.

Recente reportagem publicada no The New York Times, por exemplo, expôs a gravidade da situação da China, onde locais destinados à produção agrícola estão secando. A conseqüência são demandas crescentes pelos alimentos produzidos em outros países. Uma situação que pode até ser benéfica aos países exportadores, mas pode ser altamente prejudicial se a gestão da água na produção agrícola não for feita de maneira sustentável.

A ideia é que o Fórum reúna e encaminhe contribuições para a solução da crise mundial da água a outras instâncias internacionais de negociação, como o G-8, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU e o Painel da Convenção das Mudanças Climáticas da ONU. São esperadas mais de 20 mil pessoas no evento.

Por:

Amália Safatle é jornalista e fundadora da Página 22, revista mensal sobre sustentabilidade, que tem como proposta interligar os fatos econômicos às questões sociais e ambientais.

Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3613872-EI6780,00.html



sábado, 7 de março de 2009

Poluição de carros quadruplica risco de morte

A poluição provocada pelos veículos mata indiretamente, em média, quase 20 pessoas por dia na região metropolitana de São Paulo, segundo estudo do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP. É quase o dobro do que há cinco anos, quando a média era de 12 mortes por dia por doenças cardiorrespiratórias "aceleradas" pela poluição.

Segundo o estudo, baseado em parâmetros da Organização Mundial da Saúde, a chance de uma pessoa morrer de doença cardiorrespiratória nos 39 municípios da região é atualmente de 10,9%. Sem as emissões veiculares, cairia para 2,4%.

Nos atuais padrões, o ar da região mata indiretamente, por ano, 7.187 pessoas a partir dos 40 anos (grupo de maior vulnerabilidade). São 65% a mais que em 2004, ano da última pesquisa. As principais doenças agravadas são infarto, acidente vascular cerebral, pneumonia, asma e câncer de pulmão.

O estudo estima que a poluição seja responsável também por 13,1 mil internações por ano, com custos de R$ 334 milhões -25% pagos pelo SUS. Crianças de até quatro anos e adultos com mais de 60, com cerca de 5.000 internações cada grupo, são os mais afetados. Os dados do SUS são de 2008.
O ar de SP é quase três vezes mais "pesado" que o limite tolerável pela OMS. A concentração média diária de material particulado inalável (partículas mais nocivas, que chegam aos pulmões e causam doenças) é de 28 microgramas por metro cúbico, 18 a mais que o definido como tolerável pela OMS.

Em janeiro, um estudo publicado no "New England Journal of Medicine" apontava que a redução da quantidade de partículas poluentes emitidas no ar aumenta a expectativa de vida. Os pesquisadores avaliaram dados populacionais de 51 áreas metropolitanas dos EUA de 1978 a 1982 e de 1997 a 2001. E constataram que o decréscimo de dez microgramas por metro cúbico de partículas poluentes finas estava associado a um aumento médio de sete meses na expectativa de vida.

Frota maior - A qualidade do ar na região metropolitana de SP era um pouco melhor em 2004. Coordenador do estudo -contratado pelo Ministério da Saúde e ainda não divulgado oficialmente -, o professor Paulo Saldiva diz que houve piora, causada principalmente pelo crescimento da frota de veículos. Hoje, eles são 9 milhões, um terço a mais que em 2004 - 6,3 milhões só na capital. Eles são responsáveis por 50% do material particulado do ar, o maior percentual entre seis capitais brasileiras pesquisadas. A região metropolitana de SP tem 19,6 milhões de habitantes.

A frota a diesel (caminhões, ônibus e utilitários), que na cidade representa 15% do total, é a que mais polui. Entretanto, o aumento do número de motos e carros não deve ser desprezado, diz o professor da USP Américo Kehr, coautor do estudo. "Como a frota de veículos de passeio é muito maior, eles dão uma contribuição grande para a quantidade de particulado."

Para Kehr, a principal razão do aumento da mortalidade causada pela poluição veicular é "uma política de mobilidade estruturada no transporte individual (de pessoas) e no transporte rodoviário de cargas". O estudo foi usado pelo Ministério Público paulista para embasar ação ajuizada na segunda contra Petrobras e montadoras pelo não cumprimento de resolução federal que previa, desde 2002, o fornecimento de diesel e motores menos poluentes a partir deste ano.

(Fonte: Ricardo Sangiovanni/ Folha Online)

sexta-feira, 6 de março de 2009

E o pato de R$ 7 bilhões, quem vai pagar?


Uma das notícias óbvias e um tanto quanto dramáticas para o meio ambiente brasileiro se revelou no final de fevereiro, com a aprovação do maior financiamento que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinou a um único projeto: R$ 7 bilhões para a usina de Jirau, no rio Madeira (RO).

O detalhe, que na verdade é mais um dos grandes absurdos da política ambiental brasileira, é que o financiamento foi aprovado sem que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) assinasse a Licença de Instalação (LI) da usina.

O feito é mais uma concretização do que estava claro: total descaso, por parte do governo, com os impactos que as grandes construções vão trazer para a região amazônica e para seus povos, já que o BNDES não respeitou nem ao menos a equipe técnica do IBAMA e seu estudo para a instalação da hidrelétrica.

Há, no entanto, algo mais desanimador do que o desrespeito do BNDES: com o anúncio do investimento, vê-se claramente que a instalação da usina é uma questão política e já está decidida. Não importa quais serão seus impactos.

Até agora, o consórcio responsável pela obra tem apenas a LI do canteiro de obras e da construção de uma ensecadeira. Mesmo tendo essa licença, o consórcio recebeu R$ 1,5 milhão em multa do IBAMA, coincidentemente na mesma semana em que o BNDES aprovou o investimento.

Outra questão importante a ser citada é que o BNDES financiará 68,5% do total previsto para Jirau. Cerca de R$ 3,6 bilhões serão liberados diretamente do banco, enquanto o restante será garantido pelos bancos Bradesco BBI, Unibanco, Banco de Nordeste, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Esse valor a ser financiado diretamente pelo BNDES é público e vem, principalmente, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Porém, o número de empregos que ela vai gerar é mínimo e esse dinheiro vai direto para grandes construtoras e multinacionais.

Alguns dos bancos privados, por sua vez, assinaram os Princípios do Equador - que condicionam a concessão de créditos a projetos de países emergentes, com valor acima de US$10 milhões, à análise dos riscos sociais e ambientais do empreendimento. Financiar a usina de Jirau seria, então, algo contraditório, no mínimo. Ainda mais quando se sabe alguns dos impactos ambientais causados pela usina vizinha, Santo Antonio, localizada também no rio Madeira: mais de 11 toneladas de peixes já foram mortos. Não se espera menos para Jirau.

Se, por uma "benção ou milagre divino" esses bancos se dessem conta do impacto ambiental e social que Jirau promete dar e voltassem atrás, recusando-se a promover tamanho desastre, ainda assim, o banco público arcaria com toda a responsabilidade do financiamento - a ministra Dilma já fez algumas declarações quanto a isso - o que reafirma a enorme importância política da obras.

Vale lembrar que o BNDES foi criado para financiar o desenvolvimento social no Brasil e está se pautando no velho conceito de progresso para teoricamente cumprir com essa função. A noção do desenvolvimento a ser promovido pelo banco público é definida hoje pelo governo, que tem se posicionado na defesa de interesses das grandes empresas, acima dos direitos humanos da população local.

Esta, inclusive, não é consultada para a construção de um plano nacional de desenvolvimento, em tese, voltado para elas. Os povos diretamente afetados e a população como um todo terão mais benefícios ou danos com a execução dessas políticas?

Essa pergunta não é feita, ou pior, é falsamente respondida na forma de decisões do IBAMA. O que para o governo hoje é símbolo de avanço econômico, para a humanidade, poderá no futuro se mostrar retrocesso. Novamente, quem paga o pato (e a obra de R$ 7 bilhões) é a população e o meio ambiente.

Fonte: Amazonia.org.br.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Votorantim causa Mortandade no rio São Francisco



NOTA DE REPÚDIO

As constantes denúncias feitas pelos pescadores da Bacia do São Francisco, movimentos e pastorais sociais, sobre a mortandade de peixes no trecho alto/médio São Francisco devido à contaminação de metais pesados provocada pela Votorantim Metais de Três Marias não são infundadas, como defendeu recentemente a Associação Mineira de Defesa do Ambiente - AMDA em nota publicada no dia 10 de fevereiro de 2009 no site da instituição (www.amda.org.br). A posição desta instituição não nos surpreende, pois um de seus sócios jurídicos especiais é a Companhia Mineira de Metais (CMM), antigo nome da Votorantim Metais (www.amda.org.br/base/socios_juridicos).

Ressaltamos que esta entidade “representa” a sociedade civil no Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM).

Manifestamos nosso repúdio a este tipo de entidade “ambientalista”, que fugindo dos princípios éticos de defender o meio ambiente, defende os interesses empresariais.

Analisemos um breve histórico sobre o problema:

A Votorantim Metais em Três Marias iniciou sua produção em 1969, desta data até 1983, lançou todos os dejetos resultantes da produção de Zinco, no córrego Consciência, afluente do Rio São Francisco (desde 1973 relatórios de diversos órgãos como o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE -, Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC -, Serviço Geológico do Brasil – CPRM - e Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM -, indicaram a grave contaminação causada pela empresa).

Atualmente existe no Córrego Consciência uma quantidade enorme de rejeito acumulado em suas barrancas. Destaca-se a presença de um material vermelho, que revolvido, colore a água ficando exposto ao ecossistema 24 horas por dia, problema ambiental, que até hoje, não foi solucionado pela empresa.

Após várias denúncias, a empresa construiu uma barragem de contenção de rejeitos às margens do Rio São Francisco, em Área de Preservação Permanente (APP), o que não é legal e nem ético. Hoje apresenta em seus arredores, incontáveis manchas brancas, denominadas “sulfatação”, indicativos de vazamento. Nenhuma solução foi eficientemente implementada.

Em 2002, a Votorantim iniciou o processo de licenciamento ambiental para a construção de uma nova Barragem no leito do córrego Lavagem, área que apresentava uma geologia inadequada, com formação rochosa de granito susceptível à infiltração, dentre outros problemas constatados. A licença foi concedida à Votorantim, mediante aplicação de uma manta de polietileno de alta densidade, conhecida pela sigla PAD que se estenderia da parede interna da barragem a uma distância de 200 metros.

A empresa iniciou a construção da barragem sem utilizar a manta indicada no processo de licenciamento, mesmo assim obteve a liberação da obra pelo COPAM ignorando as recomendações dos técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Robson Adriano Martins e Arnaldo Abranchees Batista, que recomendaram retroagir o processo à fase de licença de instalação, para uma melhor discussão da segurança do novo projeto, tendo em vista que a aplicação da manta de polietileno para resíduos perigosos é uma exigência da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Após a construção da barragem, ocorreram inúmeros vazamentos. À medida que a contaminação avançava pelo leito e pelas margens do Córrego, a Votorantim construía caixas de concreto para barrar o liquido tóxico. Um sistema automático de bombas leva intermitentemente a água de volta à barragem. Atualmente funcionam quatro caixas que praticamente secaram o córrego numa extensão aproximada de 600 metros.

Em algumas medições determinadas pela FEAM, foi constatada toxicidade aguda no Ribeirão Espírito Santo que recebe as águas do Córrego Lavagem antes de desaguar no São Francisco. A poluição por metais se mostra visível no leito do córrego, formando uma poeira branca de sulfatos. Sinais de corrosão podem ser vistos nas pedras. Em dezembro de 2005 houve uma pane nas bombas, que provocou o transbordamento de uma das caixas de concreto causando um desastre córrego abaixo.

O problema pode ser constatado em uma propriedade situada abaixo da barragem, cujo proprietário fez diversas denúncias sobre o problema. Freqüentemente a Votorantim retira toneladas de sulfatos que se acumulam no leito do córrego Lavagem. Em visita ao local, verificamos que a empresa construiu mais um metro de barramento para aumentar sua vida útil, sem resolução para o passivo ambiental instalado.

Pesquisas e análises são realizadas em torno da mortandade de peixes na região do Alto-médio São Francisco. As mortes vem ocorrendo desde a instalação da Votorantim, agravadas em alguns períodos, como em 2004 a 2006.

Relatórios confirmam altíssimos índices de contaminação por metais pesados, como Zinco, Chumbo, Arsênio e Cádmio – análises feitas pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente - SISEMA - demonstram que a água do Córrego Consciência - afluente direto do rio São Francisco - apresenta número 5.280 vezes acima dos limites permitidos. Este índice de metal pesado viola os padrões de qualidade da água - classe II - estabelecido pela Resolução do CONAMA 357/05.

Relatórios realizados pelo SISEMA (assinados pela FEAM, IEF e IGAM) indicam que a contaminação da Votorantim “é a principal causa da mortandade de peixes” – a água, os sedimentos e os peixes identificam altos índices de contaminação, cujos efeitos são constatados na fisiologia dos exemplares avaliados. Estudos realizados pelo Laboratório de Biogeoquímica Ambiental da Universidade de São Carlos também apontam para isso.

Portanto, há um conjunto de informações que são inequívocos sobre a contaminação por metais pesados, na água, peixes e sedimento.

A empresa Votorantim refuta de forma sistemática que a causa da morte dos peixes é a contaminação por metais pesados. Sabemos dos graves danos sociais e econômicos que causa a população ribeirinha esse crime ambiental. Por isso o denunciamos ao Poder Judiciário, Ministério Público e sociedade.

Para manter sua defesa a Votorantim contrata empresas, laboratórios, pesquisadores especializados, coopta o poder público local e organizações da sociedade civil – neste caso, financiando pequenos projetos de preservação ambiental abafando o problema.

Assim, a empresa Votorantim defende o argumento de que “a morte de peixes na bacia do São Francisco é um problema multifatorial, representando um reflexo da degradação da bacia como um todo”.

A População Ribeirinha percebe e sente os impactos. Estudos sobre os efeitos que esta contaminação possa causar, ou esteja causando no ser humano, não foram realizados, ficando as comunidades a mercê do jogo de interesses com a única opção: suportar o problema.

Aí perguntamos, até quando?

Assinam essa denúncia,

Colônia de Pescadores de Ibiaí Z-20, Colônia de pescadores de Juazeiro Z-60, Projeto Chico Fulo (Buritizeiro), Conselho Pastoral de Pescadores (CPP), Comissão Pastoral da Terra – MG/BA (CPT), Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, Movimento pelas Serras e Águas de Minas, ASA (Articulação no semi-árido /MG), Cáritas Paracatu, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra de MG, Movimento dos Atingidos por Barragem – MG (MAB), Movimento Capão Xavier Vivo, Centro de Assessoria e Apoio à Iniciativas Sociais-CAIS, Central das Associações do Projeto Extrativista São Francisco (CAPAESF), Movimento Estadual de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA), Conselho Indigenista Missionário (CIMI/NE), Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA,) Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Paulo Afonso), Movimento em Defesa dos Direitos Humanos e Meio Ambiente-BH (MDDUMA), Agência 10Envolvimento (Bahia) e Irmãs da Divina Providência - Internacional (Münster- Alemanha).

Contatos com:
Letícia Rocha IDP/CPT – tel.: 031 3466 0202
São Francisco Vivo:
Terra, Água, Rio e Povo!


Fonte: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/2009/marco/05/9.asp

terça-feira, 3 de março de 2009

Cerca de 200 baleias encalham no litoral australiano


Uma equipe voluntária de resgate se esforçou para salvar dezenas de animais que encalharam nas praias da Ilha King, entre a Austrália e a Tasmânia. Ao todo, 194 baleias e 7 golfinhos chegaram ao local no domingo, e ficaram presos na areia.

Perto de 150 voluntários, a maioria moradores locais, tentaram manter os animais úmidos (inclusive utilizando panos molhados), até que o mar estivesse menos agitado e os bichos pudessem retornar à água. Somente 54 baleias e 5 golfinhos sobreviveram e foram reconduzidos ao oceano.

Este foi o quarto incidente desse tipo a ocorrer na Tasmânia nos últimos meses. No anterior, em janeiro, 45 baleias do tipo cachalote morreram depois de ficarem encalhadas em uma praia remota da Tasmânia, apesar de equipes de resgate terem passado dias tentando salvá-las. Ainda não está claro para os especialistas porque esse fenômeno acontece - e, desta vez, o curioso é que baleias e golfinhos, animais de espécies diferentes, tenham encalhado juntos.

Fonte: http://revistagloborural.globo.com

domingo, 1 de março de 2009

Reservas Particulares: uma escolha pela natureza


Considerado um instrumento estratégico para a conservação da biodiversidade, a maioria das áreas relevantes está sob domínio privado, em forma de Reservas Particulares do Patrimônio Natural

Jackeline Bispo

Apesar da crescente expansão agrícola, impulsionada pelos grandes agropecuaristas, começa a surgir uma nova corrente para a conservação da biodiversidade. Ao mudar os próprios paradigmas, os próprios proprietários vislumbram na legislação vantagens em transformar parte das suas terras em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), sem perder o direito de propriedade.

Segundo dados da Confederação Nacional de RPPN´s foram cadastradas 836 RPPN´s no Brasil até o fim de 2008. O Brasil é o único país da América Latina a inserir as reservas privadas em seu sistema oficial de áreas protegidas. Na Bahia, a legislação estadual sobre RPPN foi aprovada em julho de 2007, porém até agora não existe nenhuma Reserva Particular aprovada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA).

A Bahia, apesar disto, está classificada como o quarto estado brasileiro com o maior número de RPPN´s. o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) totalizando 69 reservas, que protegem cerca de 37 mil hectares. Segundo a coordenadora de áreas protegidas do Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Oeste da Bahia (Instituto Bioeste), Mariana Machado, todas as RPPN´s baianas foram reconhecidas apenas pelos órgãos federais. “A recente reestruturação é o principal fator para o atraso no órgão estadual”, critica.

Vantagens - Dentre os fatores inseridos na legislação que motivam os proprietários a conservar estão: a isenção do Imposto Territorial Rural (ITR); a valorização das negociações, por oferecerem um diferencial no mercado; a facilitação do apoio de órgãos governamentais e entidades ambientalistas para divulgação, pesquisa e garantia da manutenção do patrimônio frente às pressões sociais por distribuição de terra.

De acordo com Mariana Machado, após a solicitação junto ao órgão ambiental responsável, e cumprido os trâmites legais, é emitido um título de RPPN. A medida possibilita ao proprietário o desenvolvimento de projetos de conservação. “Essas possibilidades estimulam o desenvolvimento regional, incentivam atividades de pesquisa científica e favorecem condições para a educação ambiental”, enumera.

Tsyla Balbino, sócia da empresa que administra as fazendas Água Doce e São Francisco, acredita que o maior incentivo é saber que parte do patrimônio natural será conservada. Está em trâmite o processo que transforma parte destas propriedades em RPPN´s. “Precisamos proteger animais e plantas que se não forem preservados, correm o sério risco de daqui a pouco tempo não existirem mais”, justifica.

Histórico - Espaços ambientais com características naturais legalmente instituídos pelo poder público, as RPPN´s adquiriram status de Unidades de Conservação (UC) no ano 2000. No início a criação das UC’s tinha por finalidade básica a conservação da beleza natural e de bons exemplos da natureza intacta. Mas com o tempo elas se tornaram uma alternativa para conservar não só as belas paisagens, mas também todo o ecossistema para a preservação do equilíbrio ecológico.

À exemplo do Instituto Bioeste, que atua no Cerrado do Oeste baiano, algumas Organizações Não Governamentais (Ong´s), agem no sentido de incentivar a criação destas RPPN´s, prestando apoio técnico aos proprietários, além de auxiliar no manejo destas áreas. Para Tsyla “esse é um passo importante, para garantir a sobrevivência da biodiversidade do cerrado”.

Fonte: Instituto Bioeste.

Lojas farão descarte de lâmpadas fluorescentes

Estabelecimentos comerciais que vendem lâmpadas fluorescentes serão obrigados a ter recipientes para sua coleta, quando descartadas ou inutilizadas. Minuta de decreto com esse objetivo foi enviada pela secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, ao governador Sérgio Cabral. O documento regulamenta a Lei nº 5.131 de 14 de novembro de 2007 que estabelece normas para o descarte desse produto.

Presente em 27% dos lares brasileiros, o uso das lâmpadas fluorescentes reduz cerca de 80% no consumo de energia e auxilia no combate ao aquecimento global. Segundo o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, do Ministério das Minas e Energia) em sua última pesquisa de Avaliação do Mercado de Eficiência Energética, o país é o 10º maior consumidor mundial do insumo.

Porém, o descarte inadequado das lâmpadas fluorescentes é altamente nocivo para o meio ambiente e para a saúde do ser humano. É considerado resíduo perigoso porque em sua composição, há presença do metal pesado mercúrio, o que exige adequada destinação final. Uma lâmpada é basicamente composta por vidro, pó de fósforo e metais pesados como cádmio, mercúrio e chumbo.

Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM), embora uma lâmpada quebrada libere pequena quantidade de mercúrio, o problema ambiental pode ser gerado pelo efeito acumulativo e persistente do metal pesado proveniente de muitas lâmpadas.

Ao ser rompida, a lâmpada fluorescente emite vapores de mercúrio que são absorvidos por organismos vivos. Além disso, o descarte em aterros faz com que estes resíduos contaminem o solo e mais tarde os cursos d’água.

O Brasil consome 100 milhões de lâmpadas fluorescentes por ano e apenas 6% passam por algum processo de reciclagem. Os dados são da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM).

Fonte:Ascom/SEA.

Pesquisa liga formação de gelo na Antártida à queda do CO2 na atmosfera

A formação das grandes camadas de gelo da Antártida há 33,5 milhões de anos foi causada pela redução da concentração de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera terrestre, uma mudança que fez cair a temperatura do planeta.

Até agora, as hipóteses sobre a formação dos gelos antárticos indicavam que esse processo não foi acompanhado de uma mudança global da temperatura terrestre. No entanto, cientistas da Universidade Yale, nos Estados Unidos, afirmam, em estudo na revista "Science", que, antes da "expansão dos gelos", as temperaturas a altas latitudes eram 10ºC mais elevadas do que havia sido calculado anteriormente.

O pesquisador Zhonghui Liu afirma que os modelos de mudança climática desenvolvidos para prever o que aconteceu há 33,5 milhões de anos podem ter subestimado o aquecimento das altas latitudes, derivado das altas concentrações de CO2 existentes na atmosfera.

Durante a transição climática desencadeada pelo congelamento da Antártida houve uma redução da temperatura da superfície oceânica de entre 5ºC e 10ºC nos dois hemisférios. O resfriamento substancial que ocorreu a altas latitudes dos hemisférios norte e sul aponta para a existência de uma redução no nível de CO2, mais que para uma mudança localizada da circulação oceânica.

Os cientistas chegaram a estas conclusões após calcularem a temperatura da superfície do mar nessa época, graças à análise dos sedimentos oceânicos, nos quais se preservam moléculas de plâncton que só poderiam existir a determinadas temperaturas.

A equipe sustenta que o gelo se formou sobre a Antártida em 100 mil anos, uma mudança "repentina" em termos geológicos. Os pesquisadores descartam que, paralelamente, tenha ocorrido uma expansão de gelo no hemisfério norte. (Fonte: Folha Online)