quinta-feira, 19 de março de 2009

Tratamento errado de sólidos e águas contaminam mananciais usados pela população

Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa mostra ovos de giárdia e do ainda pouco conhecido Cryptosporidium no solo e na água que é usada para consumo.

Protozoários são seres formados por apenas uma célula, possuem cílios ou flagelos e se movimentam emitindo pseudópodos ou mudando de forma física. Alguns protozoários são responsáveis por doenças muito importantes no Brasil como doença de Chagas, esquistossomose, malária, toxoplasmose, amebíase e giardíase e criptosporidiose, entre outras. A giardíase e a amebíase, por exemplo, são doenças que podem ser contraídas quando se consome água contaminada respectivamente pela giárdia e pela ameba. Outro protozoário não muito conhecido, mas que vem causando inclusive surtos de infecções no intestino é o Cryptosporidium, agente da criptosporidiose e que já é considerado um problema de saúde pública.

De acordo com artigo publicado em dezembro de 2008 no Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, “o uso inadequado, e muitas vezes irracional, dos recursos hídricos disponíveis reflete o atual quadro de escassez e deterioração da qualidade da água. O não tratamento ou tratamento inadequado dos resíduos sólidos e das águas residuárias provocam a contaminação, por diferentes tipos de organismos, de mananciais de água usados para consumo humano”. Segundo Dias, Bevilacqua, Bastos, Oliveira e Campos, dos departamentos de veterinária e engenharia civil da Universidade Federal de Viçosa, autores do artigo e de pesquisa que lhe deu origem, giardíase e criptosporidiose são “alvo de preocupações recentes, tanto das autoridades de saúde pública quanto da comunidade científica, devido à transmissão comprovada de cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. mediante consumo de água tratada e distribuída por sistemas de abastecimento”.

O grupo investigou a existência de ovos destes enteroparasitas na bacia hidrográfica do Ribeirão São Bartolomeu, em Viçosa (MG). De acordo com o texto, “o estudo incluiu as populações humana e animal existentes na área da bacia, bem como no efluente de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) e de duas instalações para suínos”. Os resultados não foram animadores. “Indicam presença de (oo)cistos no manancial (médias geométricas: 3,92 e 3,62 (oo)cistos/l para Giardia spp. e Cryptosporidium spp., respectivamente). Propriedades com exploração bovina foram positivas ao longo de todo período (prevalência média de propriedades positivas 36,4% para Giardia spp. e 18,0% para Cryptosporidium spp.)”, dizem os pesquisadores. Já o efluente da estação de tratamento de esgoto “apresentou elevada concentração de cistos de Giardia spp. (média geométrica na ordem de 104/l), mas não foram encontrados oocistos de Cryptosporidium spp”, acrescentam.

Para Dias e colegas, “a forma de ocupação do solo interfere na qualidade parasitológica da água bruta” e os “resultados apontam para a importância de adoção de medidas preventivas, como proteção de áreas de mananciais, objetivando reduzir riscos de transmissão de protozoários via água de consumo humano”.

Fonte: Agência Notisa.
Pesquisa: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/2009/marco/19/7.asp

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