sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Feche a boca e abra os olhos

Vivemos numa época onde ocorre uma guerra muitas vezes (felizmente nem sempre) silenciosa de comunicação. Que cada lado queira defender seus próprios interesses, não é novidade alguma, acho inevitável pensar que a vida é de certa forma assim, nós mesmos fazemos isto. O que machuca é o caráter que existe por trás, o lastro de valores com que se tenta impor uma idéia. E num mundo onde as pessoas têm dificuldade em acreditar o que é certo ou errado, é um perigoso prato cheio para alguns.


Eu me deparei com um artigo no site Planeta Sustentável, do grupo Abril/UOL, com o título "O desafio de alimentar 6 bilhões de pessoas". O artigo começa bem, falando de crescimento populacional, de mercado mundial de agronegócio, de equilíbrio entre oferta e demanda e até um pouco de geopolítica. Na quarta e última página, entretanto, a menção ao papel dos alimentos geneticamente modificados (transgênicos) não é nada inocente. Fala em "ganhos de produtividade e redução de custos", algo muito distante da realidade e muito mais próximo (se falasse sobre) do aumento de lucro e redução de despesas... das empresas fabricantes destes produtos (Monsanto, Syngenta, Bayer, etc.). Se você não conhece muito sobre o assunto, eu sugiro a leitura desta FAQ.


Os alimentos transgênicos têm sido vendidos por aí como a grande solução para a fome do mundo. Qual seria a mágica para isso? Por acaso estas empresas vão fazer farta distribuição de alimentos para os famintos na África? Porque, até agora, o que se vê é o crescimento do uso de substâncias tóxicas (claro, em venda casada com a semente da própria empresa que produz), contaminação de plantações não-transgênicas, uso da população como cobaia dos efeitos destes alimentos para a saúde e uma inexplicável conivência de políticos ligados ao agronegócio (no Brasil, deram um cheque em branco para a CTNBio aprovar o que quiser nesta área).
Curioso foi ver só no dia seguinte que um dos patrocinadores do Planeta "Sustentável" é a empresa Bunge. Logo ela, que usa soja transgênica em suas marcas de óleo (Soya é a mais conhecida) e que foi a primeira a perder a queda-de-braço com a justiça para ter que seguir a lei brasileira que obriga as empresas a rotularem seus produtos com a identificação de que contém transgênicos. (traduzindo: esforçou-se para esconder a verdade do consumidor. Você vai continuar comprando produtos de uma empresa assim?)

Existe uma farta leitura nos relatórios e documentos na área de transgênicos no site do Greenpeace Brasil, muitos deles justificando a razão de muitos países da Europa de terem proibiso o seu cultivo e dos perigos de substâncias tóxicas como o glifosato (usado comumente nos agrotóxicos já citados). Recomendo também a leitura deste boletim da campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos.

Acho importante levantar uma certa poeira sobre este assunto, já que é algo ao mesmo tempo distante dos olhos da população, mas tão comum em suas bocas.

Um comentário:

Thiago François disse...

ótimo post Sávio. Vamos abrir os olhos dessa moçada...