terça-feira, 16 de junho de 2009

Documentário faz reflexão interdisciplinar e poética sobre riscos e desastres climáticos e sociais



Mudanças climáticas, riscos para a vida, vulnerabilidade, prevenção, desastres climáticos e sociais são temas que o documentário de longa-metragem “PERCEPÇÃO DE RISCO, A DESCOBERTA DE UM NOVO OLHAR” apresenta e aprofunda, ao percorrer suas ramificações por diversas áreas do conhecimento e da ação humana.

Dirigido por Sandra Alves e Vera Longo, o filme tem 77 minutos de duração.

O documentário agrega uma série de entrevistas com representantes do poder público, de institutos de pesquisa, de organizações não-governamentais, especialistas e personalidades da área do Brasil, de Santa Catarina, e da Estratégia Internacional para Redução de Desastres (EIRD) da ONU. São jornalistas, pesquisadores, psicólogos, educadores, artistas, atingidos por desastres, que juntos formam uma teia de reflexões interdisciplinares, num diálogo com imagens de natureza e urbanidade.

Dedicado aos professores e ao público em geral, o filme é um dos resultados do projeto de mesmo nome, uma ampla campanha educativa desenvolvida em Santa Catarina pela Defesa Civil estadual, em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (UFSC) para promover a cultura de prevenção no país. Ele compõe um kit educativo enviado às escolas públicas de Santa Catarina.

A concepção e pesquisa do projeto como um todo iniciaram em 2006. Entre 2007 e 2008 foi elaborado o conteúdo que deu base ao documentário e aos outros objetos do projeto.

Paralelamente ocorreu a pesquisa dos entrevistados, de fotografias e imagens e as gravações, concluídas no início de 2009.

“O filme é uma leitura da realidade feita por pessoas muito diferentes, uma grande reflexão sobre como viver melhor no mundo atual e os seus desafios. Está longe de ser um filme técnico que vai te dizer o que fazer diante de um desastre. Antes, ele vai sensibilizar”, observa Sandra Alves. O conteúdo complexo e amplo vai se aprofundando como numa espiral, porém “o filme pode ser entendido por camadas, da mais imediata à mais profunda, e é acessível a toda população. Ele estimula discussões, é um instrumento de transformação”, complementa Vera Longo.

Os pontos de vista dos entrevistados, mesmo que de áreas muito diversas, se conectam e se complementam numa perspectiva sistêmica, demonstrando claramente que o assunto é interdisciplinar, e que e riscos e prevenção estão presentes em inúmeros aspectos da vida em sociedade. Desastres são gerados pelo impacto de fenômenos naturais onde a vulnerabilidade é alta, pela ausência de políticas de prevenção, pela degradação ambiental e o consumo exagerado, por relações humanas desrespeitosas. Entre outros, o filme cita os desastres das inundações no Vale do Itajaí, Furacão Catarina, aumento do nível do mar, tsunami no Pacífico, queimadas e seca na Amazônia, desastres relacionados com a água (estiagem, escassez, falta de saneamento), a desigualdade social e a falta de perspectiva dos adolescentes.

O jornalista Washington Novaes introduz as discussões e retorna em diversos momentos, como num fio condutor: “O problema central da humanidade está em mudanças climáticas e padrões insustentáveis de produção e consumo. Esses dois problemas é que ameaçam a sobrevivência da espécie humana”. “O risco maior vem do grande experimento geofísico sem precedentes que nós estamos fazendo em mudar a composição da atmosfera, injetando todos os anos bilhões de toneladas de gases de efeito estufa”, complementa o pesquisador Carlos Nobre (INPE). O educador Carlos Brandão questiona: “Até onde vai o lugar pelo qual você se sente responsável?"

Também são entrevistados a especialista em mudanças climáticas Silvia Llosa (EIRD), a jornalista Márcia Dutra (TV Cultura), o geólogo Agostinho Ogura (IPT), o major Márcio Luiz Alves (Defesa Civil-SC), o meteorologista Maurici Monteiro (Ciram/Epagri-SC), a psicóloga Daniela Lopes (Defesa Civil nacional). Por parte das ONGs, Miriam Prochnow (Apremavi), Graziela Bedoian e Alberto Comuana (Projeto Quixote), César Pegoraro (Instituto Socioambiental), Rita Mendonça (Instituto Romã), o ator e diretor Christian Duurvoort e o babalorixá Kabila Aruanda.

Atingidos por desastres contam suas experiências, como o relato inédito das sobreviventes do tsunami de dezembro de 2004 na Tailândia, Maria Felice Weinberg e Deborah Telesio. Maria Felice foi atingida pelas ondas quando estava na praia. Deborah praticava snorkling e foi dragada pelas ondas. As duas saíram praticamente ilesas e nunca haviam contado publicamente sua participação no desastre em que morreram mais de 270 mil pessoas. Outros personagens, desta vez do desastre catarinense das inundações, são Alda Niemeyer, radioamadora em Blumenau, atuante desde a enchente de 1983, e moradores do Morro do Baú, em Ilhota, local que concentrou o maior número de vítimas das inundações e deslizamentos de novembro de 2008.

O filme não finaliza com soluções prontas para temas que são dinâmicos e têm muitos desdobramentos, e sim aponta caminhos que envolvem a responsabilização do poder público, do coletivo e dos indivíduos, a educação e a atenção, e traz propostas de ação, como o plantio de árvores feito pela organização não-governamental Apremavi, do Alto Vale do Itajaí.

Estética

O resultado é um documentário tocante e reflexivo, mas não assustador, nem catastrófico. Apesar do conteúdo que exige atenção, o espectador também é seduzido pela estética e pela poética visual. A luz natural é utilizada nas entrevistas e nas imagens de natureza e da vida urbana. Assim, mata densa ou de dezenas de baleias num magnífico encontro na praia contrastam com a imensa pedreira aberta no Parque Estadual do Parque do Tabuleiro, com uma mancha de óleo na água do que foi um rio vivo, com a destruição dos deslizamentos e fluxos de lama no Morro do Baú, com o maciço de concreto à beira-mar em Balneário Camboriú ou onde até a vista alcança do alto do edifício Copan, em São Paulo.

O filme tem inserções de ensaios fotográficos sobre pobreza e desigualdade social, de Sandra Alves, e de incêndios florestais na Amazônia de Frans Krajcberg, e ainda vinhetas de animação com ilustrações de Samuel Casal, que formam uma campanha de sensibilização para televisão e escolas.

A música original foi composta por André Abujamra (Mulheres Negras, Karnak), que assinou a trilha de diversas produções da nova fase do cinema brasileiro, como “Os Matadores” (Beto Brant), “Bicho de Sete Cabeças” (Laís Bodansky), “Carandiru” (Hector Babenco) e o recente “A encarnação do demônio” (José Mojica Marins). Para que alcance o grande público, o documentário, assim como a campanha de animação, estarão disponíveis gratuitamente para exibição na rede pública de televisão e para as emissoras parceiras da Rede Cooperativa de Comunicação, criada por iniciativa do projeto.

Concepção e realização:

Além de roteirizar, dirigir, produzir e montar o documentário, a dupla de criação Sandra Alves e Vera Longo conceberam o Projeto Percepção de Risco como um todo. Sandra Alves é realizadora audiovisual, fotógrafa e artista visual, atua na comunicação e nas artes desde 1987. É diretora cinematográfica e proprietária da Vagaluzes Filmes. Entre seus filmes, nos quais em geral assina direção, roteiro, produção, fotografia e montagem, estão o curta em 35 mm “L´amar” (2003), primeiro lugar do edital da Fundação Catarinense de Cultura, revelação do 14º Festival Internacional de Curtas de São Paulo e participante da seleção oficial do Festival Internacional Del Nuevo Cine Latino-americano de CUBA; o documentário experimental “MARÍNTIMA manifestação do abstrato” (2007); o filme experimental “Memóriaemoção” (2004), realizado em parceria com o Festival de Santa Maria da Feira, de Portugal, e seleção oficial do 16º Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo de 2005; o documentário “Conny Baumgart, o Modelista do Museu do Mar”, (para o IPHAN, 2007); o vídeo “Vivendo

Victor” (para o Museu Victor Meirelles/ IPHAN, 2003) e a série Roteiros de Verão, programas especiais para a RBS TV (2005). Foi diretora de fotografia e operadora de câmera documentário “Dyckias, Tempos de Extinção”, vencedor do prêmio DOC TV III / MinC (2006). Dirigiu e produziu teleconferências e vídeos educativos para educação à distância, montagens teatrais e exposições de artes plásticas.


Vera Longo é psicóloga, educadora, terapeuta e realizadora audiovisual, proprietária da Vagaluzes Filmes. Assina roteiro, montagem e co-direção dos filmes “MARÍNTIMA manifestação do abstrato”, “Memóriaemoção”, “Conny Baumgart, o Modelista do Museu do Mar”, e do documentário “Alegria de Aruanda”, em produção. Foi assistente de direção, produtora e roteirista da série Roteiros de Verão. Também atuou com educação à distância e foi educadora e terapeuta do Projeto Quixote, do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Universidade Federal de São Paulo.


Ficha técnica do filme:

Título: Percepção de Risco, a Descoberta de um Novo Olhar
Gênero: Documentário
Tempo de duração: 77 minutos
Direção e Idealização: Sandra Alves e Vera Longo
Fotografia e câmera: Sandra Alves
Roteiro e Montagem: Sandra Alves e Vera Longo
Edição e finalização: Sandra Alves
Pesquisa: Sandra Alves, Vera Longo, Barbara Pettres, Patricia Abuhab, Guilherme Blauth
Música original: André Abujamra
Ilustrações: Samuel Casal
Produção Executiva: Sandra Alves, Vera Longo e Carolina Borges
Produção: Cabeça ao Vento Construções Artística



Sinopse:

Mudanças climáticas, riscos para a vida, vulnerabilidade, prevenção, desastres climáticos e sociais são temas que o documentário apresenta e aprofunda, ao percorrer

suas ramificações por diversas áreas do conhecimento e da ação humana. Um convite à reflexão, um instrumento de transformação.


Mais informações:

Sandra Alves – [48] 9977.9033

Vera Longo - [48] 9603.1387

projetoeducativo@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.


Fonte: Fred Itioka Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

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